A LÓGICA DA INVESTIGAÇÃO “A lógica, disse o iconoclasta pensador pragmatista inglês F.S. Schiller, não passa de trivialidade técnica... boa apenas para confundir estudantes em exames e imprópria para um mundo de acaso e mudança. (....) Schiller, é claro estava condenando apenas a lógica formal. Mas seus comentários facilitaram-nos o caminho para procurar respostas através do que foi denominado a ‘lógica da investigação’, formulada por Jhon Dewey. (...) Enquanto que a lógica formal lida com as formas de argumentação, a lógica da investigação procura estabelecer os princípios que os homens devem observar a fim de chegarem a conclusões válidas. Investigar, disse Dewey, é resolver uma situação problemática. Isso requer seis etapas, que serão agora descritas num contexto escolar. a. Na concepção de Dewey, todo o pensamento é em resposta a alguma dificuldade que não pode ser superada por meio de instinto ou rotina. O estudante defronta-se com tais dificuldades o tempo todo, pois está sempre aprendendo algo novo. Suponha-se, pois, que eu sou um aluno de segundo grau estudando os acontecimentos que culminaram na II Guerra Munidial. b. Algum tempo depois, deixo de estar meramente insatisfeito. Compreendo que a matéria que estou aprendendo precisa, de algum modo, de receber um significado. Ora, se fui ensinado a pensar logicamente, não excluo minha insatisfação, mas coloco-a na forma de um problema ou uma questão a ser resolvida. Por que aconteceu a II Guerra Mundial? c. Tendo formulado o problema, devo encontrar informações para resolvê-lo. (...) O problema sugere outras áreas a serem exploradas; as informações que recolho sugerem soluções possíveis (hipóteses-grifo meu) para o problema. d. Meu próximo passo é avaliar essas possibilidades para ver até que ponto cada uma delas é compatíveis com os fatos à minha disposição e com outras hipóteses que me ocorreram. e. Passo então a testar experimentalmente as hipóteses mais promissoras, deduzindo suas conseqüências mais prováveis e verificando se essas conseqüências subsistem. f. Finalmente, coordeno as hipóteses que verifiquei objetivamente. Todas essas asserções, entretanto, são conjecturas, uma vez que informações subseqüentes, hipóteses mais amplas ou penetrantes, ou simplesmente uma reflexão mais profunda podem invalidá-las no todo ou em parte. Assim o conhecimento que adquiri é provisório. Mas, é uma base para novas investigações.... Quais as características especiais desse tipo de pensamento? Em primeiro lugar, é científico. Leva-me a definir um problema, coletar informações, propor hipóteses, predizer suas conseqüências e verificá-las experimentalmente, além de coordenar as conlusões. Em segundo lugar é crítico. Faz-me considerar possibilidades alternativas, examinar quantos fatos posso, protelar o julgamento até que os fatos tenham sido verificados, e verificar idéias com referências mais aos fatos do que às preferências pessoais. Faz-me relutar em aceitar as coisas como axiomáticas e leva-me a considerar todo o conhecimento como provisório e sujeito a revisão. Finalmente, é reflexivo. Impede-me que salte precipitadamente para as conclusões. Em vez de fazer a primeira coisa que me vem à cabeça, faço uma pausa para considerar se existem melhores alterantivas. (Kneller, George. Introdução à Filosofia da Educação. 8ed. RJ: Guanabara Koogan as. )
Caminhando na Filosofia
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
REASSUMINDO
A SENSATEZ
Prof.
Thomaz (mestre em educação).
De
acordo com a psicologia, o caráter é a
propensão de ânimo que cada um traz consigo desde o nascimento. Embora seja
inato do ser humano, o caráter também
pode ser modelado pelo ambiente cultural em que se vive, por isso a
participação de pais, professores e todos os educadores que perpassam da igreja ao meio familiar.
Um
dos maiores sábios que a humanidade viu surgir foi Aristóteles, para ele o
caráter do homem corresponde ao estilo de vida que alguém escolhe levar. O
homem feliz é o que age racionalmente, cultua bons hábitos de modo disciplinado
e o infeliz é o ignorante, submetido aos impulsos da vontade. Nesse sentido,
ele descreve que o homem deve procurar sempre pautar a sua conduta com vista ao
equilíbrio.
Para
Aristóteles, a virtude é o que está no meio entre o vício por excesso e o vício
por falta. Só para exemplificar, em um quadro de virtudes, a coragem é a
virtude que tem por vício em excesso, o destemido e o vício por falta, o covarde; quanto ao trato com dinheiro, a virtude é a liberalidade e o vício por excesso a
prodigalidade e no extremo oposto a avareza. Aristóteles ainda diz, ao homem feliz não
pode faltar a magnanimidade, no que pese a postura “São mais adequados a uma pessoa magnânima um andar lento, uma voz
grave e uma dicção cuidada, pois não se deve esperar que as pessoas que se
preocupam com poucas coisas sejam
apressadas, nem que as que não consideram coisa algum realmente grande sejam
agitadas; uma voz estridente e um andar precipitado denotam pressa e agitação”. ( 81) .
De
outro lado estão as críticas de Nietzsche, até que ponto, sobre a roupagem de
tantos penduricalhos, descritos como
valores, sobre o modo como devem agir os
homens, esses continuam realmente a serem homens. Com a crítica sobre a moral
tradicional esse filósofo faz lembrar do que é ser realmente humano, sem as
armadilhas culturais que terminam por aprisionar o humano dentro de nós. O homem
tem desejos e energias o quais são negadas, aprisionadas num falso moralismo.
Por isso, Nietzsche crítica a tradição filosófica e religiosa que subverteram o
homem, o qual para negar tais energias,
se tornam frustrados, rancorosos,
puritanos demais para aceitar as inovações que a evolução vai fazendo surgir.
Por
falar em energia, Freud antes de Nietzsche já chamava atenção para os problemas
que podem ser causados a psiquê ( a mente)
do homem, quando não sabe lidar
corretamente com as energias puramente humanas:
os cacoetes, os atos falhos, tiques nervosos e "trocentos"
outros número de traumas jogados para o
inconsciente, os quais em um dado momento voltam para reafirmar a
necessidade de solução.
Então,
alguém pode se perguntar, devemos tudo permitir para evitar os problemas
psicológicos ou criticar a todas atitudes que não se apresentam em sintonia com
o tradicional estabelecido?
Na
verdade, já se nega o tradicional estabelecido quando supomos um permitido
sutil, quando dizemos: _ meu filho não devemos pegar nada dos outros e
devemos sempre falar a verdade! Porém, imediatamente ao tocar o telefone e
sendo nosso filho a atender, dizemos quase cochichando e com tom afirmativo:
_ diga que eu não estou em casa! Afinal
é para criança dizer a verdade ou não é?
Do
outro lado, a permissividade é um mal
que tem de ser tolhido. Kant já dizia que para se observar se um comportamento
é desejável, é só imaginá-lo sendo
praticado em sentido universal, praticado por todas as pessoas em toda
circunstância e lugar. Assim, mentir não é bom, pois se o fosse, ninguém poderia mais confiar em ninguém ou em
nada, tornando inviável a convivência conjunta. Da mesma maneira matar, roubar,
ser desonesto, enfim tudo o que se considera vício ou erro.
Talvez
tenhamos que observar uma dos critérios de Descartes em seu Discurso do Método,
todo o homem é dotado de bom senso. Devemos buscar o equilíbrio, não o
equilíbrio aristotélico, mas um equilíbrio do bom-senso. Em dada situação devemos não ter pressa em
julgar os outros, não sair por aí condenando a todos indiscriminadamente, a
menina que abortou, por não ter visto nenhuma outra saída para o seu desespero.
O garoto que pegou um lanche de bobeira porque já estava morrendo de fome, etc.
Isso, também, não quer dizer que devamos
ser condescendentes, apenas não sair por aí julgando a tudo imediatamente e
indiscriminadamente.
Os
valores que a humanidade estabeleceu e que estão escritos nos livros de ética,
são modelos a serem atingidos, deve-se aproximar ao máximo do ideal, mas cada
circunstância requer ajustes. Nietzsche tem certa razão, sim, o homem não pode
negar todos os seus impulsos, do contrário não sobrevive neste mundo. O homem
não pode todo tempo procurar sem "bonzinho", senão corre o risco de
ser o "bobinho". Por outro lado, os valores da tradição ocidental,
que Sócrates, Platão, Aristóteles, os filósofos Crsitão, Kant e outros
escreveram não são apenas coisas de pessoas "caretas" e recalcadas.
O QUE É IDEOLOGIA (Marilena Chauí).
O
real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da
realidade nos leva a imaginar que o real é feito de coisas, isto é , de objetos
físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa percepção e às nossas
vivências. (...) Isto, porém, não implica em afirmar o oposto, isto é, se o
real não é constituído de coisas, então será constituído por idéias ou por
nossas representaçõesdas coisas. Se fizéssemos tal afirmação, estaríamos na
ideologia em estado puro, pois para esta última a realidade é constituída por
ideias das quais as coisas seriam uma espécie de receptáculo...
O empirismo considera
que o real são fatos ou coisas observáveis e que o conhecimento da realidade se
reduz a experiência sensorial que temos dos objetos cujas sensações se associam
e formam ideias em nosso cérebro. O idealista, por sua vez, considera que o
real são ideias ou representações e que o conhecimento da realidade se reduz ao
exame dos dados e das operações de nossas consciências ou do intelecto como
atividades produtora de ideias que dão sentido ao real e o fazem existir para
nós. Tanto num caso como no outro, a realidade
é considerada como um puro dado imediato: um dado dos sentidos, para o
empirista, ou um dado da consciência, para o idealista. Ora, o real não é um dado sensível nem um
dado intelectual, mas é um processo, que depende fundamentalmente do modo como
os homens se relacionam entre si em com a natureza. É,portanto, das relações
sociais que precisamos partir para compreender o quê, como e por que os homens
agem e pensam de maneira determinadas,
sendo capazes de atribuir sentido a tais relações, de conservá-las ou de
transformá-las.
Nesta perspectiva, a
história é o real e o real é o movimento incessante pelo qual os homens, em
condições que nem sempre foram escolhidas por eles, instauram um modo de
sociabilidade e procuram fixa-lo em instituições determinadas(...) Além disso,
os homens produzem ideias ou representações pelas quais procuram explicar e
compreender sua própria vida individual, social, suas relações com a natureza e com o sobrenatural. Essas,
ideias, no entanto, tenderão a esconder dos homens o modo real como suas
relações sociais foram produzidas e a origem das formas sociais de exploração
econômica e de dominação política. Esse ocultamento da realidade social
chama-se ideologia. Por seu intermédio, os homens legitimam as condições
sociais de exploração e de dominação, fazendo com que pareçam verdadeiras e
justas.
O processo histórico
real, observa(grifo meu) que cada nova classe em ascensão que começa
a se desenvolver dentro de um modo de produção que será destruído quando essa
nova classe dominar, cada classe emergente precisa formular seus interesses de
modo sistemático e, para ganhar o apoio do restante da sociedade contra a
classe dominante existente, precisa fazer com que tais interesses apareçam como
interesses de toda a sociedade. (...) A nova classe emergente precisa dar às
suas ideias a maior universalidade possível, fazendo com que apareçam com
verdadeira e justas para o maior número possível de membros da sociedade.
Porém, uma vez alcançada a vitória e a classe ascendente tornando-se dominante,
seus interesses passam a ser particulares, isto é, são apenas seus interesses
de classe. No entanto, agora, tais interesses precisam ser mantidos com
aparência de universais, porque precisam legitimar o domínio que exerce sobre o
restante da sociedade. Esse é o papel da ideologia. O papel
expecífico da ideologia como instrumento da luta de classes é impedir que a
dominação e a exploração sejam percebidos em sua realidade concreta. Para
tanto, é função da ideologia dissimular e ocultar a existência das divisões
sociais como divisões de classes, escondendo, assim, sua própria origem.
Porque a ideologia
legitima a dominação da classe dominante, compreende-se por que a história
ideológica seja sempre uma história narrada do ponto de vista do vencedor ou
dos poderosos. Por isso os dominados aparecem nos textos dos historiadores
sempre a partir do modo como eram vistos e compreendidos pelos próprios
vencedores. Daí que, a luta dos escravos estão sem registro e tudo que delas
sabemos está registrado pelos senhores brancos. Não há direito à memória para o
negro. Nem para o Índio. Nem para os camponeses. Nem para os operários. Graças
a esse tipo de história, a ideologia burguesa pode manter sua hegemonia mesmo
sobre os vencidos, pois estes interiorizam a suposição de que não são sujeitos
da história, mas apenas seus pacientes.
( Marilena Chauí. O que é ideologia. 37ed. SP:Brasiliense, 1994)
APARTHEID:
A ORIGEM DO CONCEITO
Um
dia destes no estacionamento de um McDonald’s, em Brasília, dois jovens dentro
de um carro, se divertiam despejando
batatas fritas no chão para que pivetes pobres fossem atrás catando. Quem
assistia, se não se divertia também, perguntava-se por que, no Brasil, isto é
possível. O que faz com que um grupo se divirta daquela forma e outro rasteje daquele
jeito.(...)
O
que permitiu a cena repugnante foi que os donos do carro se sentiam diferentes
dos pobres pivetes, os quais viam no lixo que vinha dos ricos a única forma de
matar a fome. Apesar da língua comum, da mesma bandeira, de poderem votar no mesmo
presidente, os dois grupos se sentiam apartados um do outro, como seres
diferentes.(...)
Não
se pode dizer que o apartheid começou com os brando da África do Sul. Os gregos
antigos achavam que a espécie humana estava dividida em partes diferenciadas. Apesar
de serem os criadores do humanismo, dividiam os homens entre eles e os outros,
os bárbaros. Os primeiros nasciam para a liberdade e a riqueza da cultura, os
outros, para trabalhar como escravos.
Só
muito recentemente, há cerca de um século foi que passamos a viver em um
planeta onde os direitos iguais foram se afirmando de maneira generalizada. A
escravidão não acabou, mas passou a ser vista como um fenômeno raro,
indesejado, bárbaro e repugnante.
Mesmo
assim a desigualdade não diminuiu.
Apesar
do fim da propriedade de seres humanos por outros, a desigualdade continuou,
dependendo da nação, classe social, raça, sexo, ou simplesmente da sorte. E
essa desigualdade cresceu. Ainda que os direitos sejam estendidos igualmente a
todos, a civilização avançou aumentando a desigualdade.
A
partir de meados deste século, as coisas começaram a mudar. A urbanização
mostrou o mundo moderno para todos. Criou desejos adicionais e realizou o
conformismo, cresceram as tensões sociais, os pobres ameaçaram com revoluções,
os ricos se defenderam com ditaduras.
Essa
situação ocorreu de maneira mais dramática na África do Sul. Até o final dos
anos 40 a desigualdade econômica entre brancos e negros existia sem necessidade
de leis especiais que separassem fisicamente uns dos outros. A população negra
se submetia à discriminação exercida pela minoria branca.
A
urbanização, o crescimento econômico concentrado para os brancos e a rebeldia
da maioria negra forçaram a implantação, em 1950 da Lei do Registro de
População. Criou-se um sistema legal que mantinha os grupos sul-africanos
separados. Um conjunto de leis explicitou, determinou e regulou a separação
entre as partes da sociedade. A nova lei classificou os habitantes da África do
Sul em três categorias: os africanos ou negros, os de cor ou mestiços e os
brancos.
A
esse sistema deu-se o nome de APARTHEID, que no idioma africâner, falado pelos
brancos sul-africanos, quer dizer separação, apartação.
Novas
leis surgiram complementando o desenvolvimento separado na África do Sul. Foram
regulamentadas as áreas onde as pessoas poderiam residir, trabalhar e circular
conforme sua cor: consolidou-se a necessidade de passaporte para os não-brancos
circularem entre as áreas, proibiram-se contatos sociais, inclusive casamentos,
entre pessoas de raça diferentes, foram estabelecidos sistemas segregados de
educação com diferentes padrões e qualidade, definiram-se tipos de empregos
para cada raça, foram restringidos os movimentos sindicais de trabalhadores
não-brancos e negou-se a participação política aos não-brancos nos processos
parlamentares e governamentais.
O
sistema foi implantado visando garantir e ampliar a concentração dos
privilégios dos brancos. Não foi o apartheid que causou a desigualdade entre
brancos e negros na África do Sul. Foi a desigualdade crescente que levou os
brancos a implantar o aparthaid, como forma de conservar e ampliar seus
privilégios, inviáveis se fosse feita uma distribuição equitativa dos
resultados do progresso. (...)
Foi
graças a esse sistema que a economia sul-africana desenvolveu-se e enriqueceu,
do ponto de vista dos brancos, impedindo a ameaça política que ocorreria em um
sistema não apartado, o apartheid foi o sistema social que permitiu o surto de
desenvolvimento econômico da África do Sul. Evitando a distribuição de renda,
garantiu a formação de uma base de consumidores de alta renda e os recursos
necessários aos investimentos.
O
que mudou com o apartheid não foi o aumento da desigualdade, mas a afirmação da
diferença e com esta a aceitação sem constrangimento, da desigualdade
crescente. Ao se sentirem diferentes em relação aos negros, os brancos
incorporaram uma nova ética que lhes permitiu não sentir responsabilidade nem
culpa diante da desigualdade. Da mesma forma como os europeus não sentiam antes
com os escravos ou com os índios das Américas e como os ricos brasileiros
começam a não sentir diante da pobreza urbana, da fome ao redor, da mortalidade
infantil, do assassinato de menino de rua.
(Cristovam
Buarque. O que é apartação. O apartheid social no Brasil. Brasiliense, 1993). APARTHEID:
A ORIGEM DO CONCEITO
Um
dia destes no estacionamento de um McDonald’s, em Brasília, dois jovens dentro
de um carro, se divertiam despejando
batatas fritas no chão para que pivetes pobres fossem atrás catando. Quem
assistia, se não se divertia também, perguntava-se por que, no Brasil, isto é
possível. O que faz com que um grupo se divirta daquela forma e outro rasteje daquele
jeito.(...)
O
que permitiu a cena repugnante foi que os donos do carro se sentiam diferentes
dos pobres pivetes, os quais viam no lixo que vinha dos ricos a única forma de
matar a fome. Apesar da língua comum, da mesma bandeira, de poderem votar no mesmo
presidente, os dois grupos se sentiam apartados um do outro, como seres
diferentes.(...)
Não
se pode dizer que o apartheid começou com os brando da África do Sul. Os gregos
antigos achavam que a espécie humana estava dividida em partes diferenciadas. Apesar
de serem os criadores do humanismo, dividiam os homens entre eles e os outros,
os bárbaros. Os primeiros nasciam para a liberdade e a riqueza da cultura, os
outros, para trabalhar como escravos.
Só
muito recentemente, há cerca de um século foi que passamos a viver em um
planeta onde os direitos iguais foram se afirmando de maneira generalizada. A
escravidão não acabou, mas passou a ser vista como um fenômeno raro,
indesejado, bárbaro e repugnante.
Mesmo
assim a desigualdade não diminuiu.
Apesar
do fim da propriedade de seres humanos por outros, a desigualdade continuou,
dependendo da nação, classe social, raça, sexo, ou simplesmente da sorte. E
essa desigualdade cresceu. Ainda que os direitos sejam estendidos igualmente a
todos, a civilização avançou aumentando a desigualdade.
A
partir de meados deste século, as coisas começaram a mudar. A urbanização
mostrou o mundo moderno para todos. Criou desejos adicionais e realizou o
conformismo, cresceram as tensões sociais, os pobres ameaçaram com revoluções,
os ricos se defenderam com ditaduras.
Essa
situação ocorreu de maneira mais dramática na África do Sul. Até o final dos
anos 40 a desigualdade econômica entre brancos e negros existia sem necessidade
de leis especiais que separassem fisicamente uns dos outros. A população negra
se submetia à discriminação exercida pela minoria branca.
A
urbanização, o crescimento econômico concentrado para os brancos e a rebeldia
da maioria negra forçaram a implantação, em 1950 da Lei do Registro de
População. Criou-se um sistema legal que mantinha os grupos sul-africanos
separados. Um conjunto de leis explicitou, determinou e regulou a separação
entre as partes da sociedade. A nova lei classificou os habitantes da África do
Sul em três categorias: os africanos ou negros, os de cor ou mestiços e os
brancos.
A
esse sistema deu-se o nome de APARTHEID, que no idioma africâner, falado pelos
brancos sul-africanos, quer dizer separação, apartação.
Novas
leis surgiram complementando o desenvolvimento separado na África do Sul. Foram
regulamentadas as áreas onde as pessoas poderiam residir, trabalhar e circular
conforme sua cor: consolidou-se a necessidade de passaporte para os não-brancos
circularem entre as áreas, proibiram-se contatos sociais, inclusive casamentos,
entre pessoas de raça diferentes, foram estabelecidos sistemas segregados de
educação com diferentes padrões e qualidade, definiram-se tipos de empregos
para cada raça, foram restringidos os movimentos sindicais de trabalhadores
não-brancos e negou-se a participação política aos não-brancos nos processos
parlamentares e governamentais.
O
sistema foi implantado visando garantir e ampliar a concentração dos
privilégios dos brancos. Não foi o apartheid que causou a desigualdade entre
brancos e negros na África do Sul. Foi a desigualdade crescente que levou os
brancos a implantar o aparthaid, como forma de conservar e ampliar seus
privilégios, inviáveis se fosse feita uma distribuição equitativa dos
resultados do progresso. (...)
Foi
graças a esse sistema que a economia sul-africana desenvolveu-se e enriqueceu,
do ponto de vista dos brancos, impedindo a ameaça política que ocorreria em um
sistema não apartado, o apartheid foi o sistema social que permitiu o surto de
desenvolvimento econômico da África do Sul. Evitando a distribuição de renda,
garantiu a formação de uma base de consumidores de alta renda e os recursos
necessários aos investimentos.
O
que mudou com o apartheid não foi o aumento da desigualdade, mas a afirmação da
diferença e com esta a aceitação sem constrangimento, da desigualdade
crescente. Ao se sentirem diferentes em relação aos negros, os brancos
incorporaram uma nova ética que lhes permitiu não sentir responsabilidade nem
culpa diante da desigualdade. Da mesma forma como os europeus não sentiam antes
com os escravos ou com os índios das Américas e como os ricos brasileiros
começam a não sentir diante da pobreza urbana, da fome ao redor, da mortalidade
infantil, do assassinato de menino de rua.
(Cristovam
Buarque. O que é apartação. O apartheid social no Brasil. Brasiliense, 1993). APARTHEID:
A ORIGEM DO CONCEITO
Um
dia destes no estacionamento de um McDonald’s, em Brasília, dois jovens dentro
de um carro, se divertiam despejando
batatas fritas no chão para que pivetes pobres fossem atrás catando. Quem
assistia, se não se divertia também, perguntava-se por que, no Brasil, isto é
possível. O que faz com que um grupo se divirta daquela forma e outro rasteje daquele
jeito.(...)
O
que permitiu a cena repugnante foi que os donos do carro se sentiam diferentes
dos pobres pivetes, os quais viam no lixo que vinha dos ricos a única forma de
matar a fome. Apesar da língua comum, da mesma bandeira, de poderem votar no mesmo
presidente, os dois grupos se sentiam apartados um do outro, como seres
diferentes.(...)
Não
se pode dizer que o apartheid começou com os brando da África do Sul. Os gregos
antigos achavam que a espécie humana estava dividida em partes diferenciadas. Apesar
de serem os criadores do humanismo, dividiam os homens entre eles e os outros,
os bárbaros. Os primeiros nasciam para a liberdade e a riqueza da cultura, os
outros, para trabalhar como escravos.
Só
muito recentemente, há cerca de um século foi que passamos a viver em um
planeta onde os direitos iguais foram se afirmando de maneira generalizada. A
escravidão não acabou, mas passou a ser vista como um fenômeno raro,
indesejado, bárbaro e repugnante.
Mesmo
assim a desigualdade não diminuiu.
Apesar
do fim da propriedade de seres humanos por outros, a desigualdade continuou,
dependendo da nação, classe social, raça, sexo, ou simplesmente da sorte. E
essa desigualdade cresceu. Ainda que os direitos sejam estendidos igualmente a
todos, a civilização avançou aumentando a desigualdade.
A
partir de meados deste século, as coisas começaram a mudar. A urbanização
mostrou o mundo moderno para todos. Criou desejos adicionais e realizou o
conformismo, cresceram as tensões sociais, os pobres ameaçaram com revoluções,
os ricos se defenderam com ditaduras.
Essa
situação ocorreu de maneira mais dramática na África do Sul. Até o final dos
anos 40 a desigualdade econômica entre brancos e negros existia sem necessidade
de leis especiais que separassem fisicamente uns dos outros. A população negra
se submetia à discriminação exercida pela minoria branca.
A
urbanização, o crescimento econômico concentrado para os brancos e a rebeldia
da maioria negra forçaram a implantação, em 1950 da Lei do Registro de
População. Criou-se um sistema legal que mantinha os grupos sul-africanos
separados. Um conjunto de leis explicitou, determinou e regulou a separação
entre as partes da sociedade. A nova lei classificou os habitantes da África do
Sul em três categorias: os africanos ou negros, os de cor ou mestiços e os
brancos.
A
esse sistema deu-se o nome de APARTHEID, que no idioma africâner, falado pelos
brancos sul-africanos, quer dizer separação, apartação.
Novas
leis surgiram complementando o desenvolvimento separado na África do Sul. Foram
regulamentadas as áreas onde as pessoas poderiam residir, trabalhar e circular
conforme sua cor: consolidou-se a necessidade de passaporte para os não-brancos
circularem entre as áreas, proibiram-se contatos sociais, inclusive casamentos,
entre pessoas de raça diferentes, foram estabelecidos sistemas segregados de
educação com diferentes padrões e qualidade, definiram-se tipos de empregos
para cada raça, foram restringidos os movimentos sindicais de trabalhadores
não-brancos e negou-se a participação política aos não-brancos nos processos
parlamentares e governamentais.
O
sistema foi implantado visando garantir e ampliar a concentração dos
privilégios dos brancos. Não foi o apartheid que causou a desigualdade entre
brancos e negros na África do Sul. Foi a desigualdade crescente que levou os
brancos a implantar o aparthaid, como forma de conservar e ampliar seus
privilégios, inviáveis se fosse feita uma distribuição equitativa dos
resultados do progresso. (...)
Foi
graças a esse sistema que a economia sul-africana desenvolveu-se e enriqueceu,
do ponto de vista dos brancos, impedindo a ameaça política que ocorreria em um
sistema não apartado, o apartheid foi o sistema social que permitiu o surto de
desenvolvimento econômico da África do Sul. Evitando a distribuição de renda,
garantiu a formação de uma base de consumidores de alta renda e os recursos
necessários aos investimentos.
O
que mudou com o apartheid não foi o aumento da desigualdade, mas a afirmação da
diferença e com esta a aceitação sem constrangimento, da desigualdade
crescente. Ao se sentirem diferentes em relação aos negros, os brancos
incorporaram uma nova ética que lhes permitiu não sentir responsabilidade nem
culpa diante da desigualdade. Da mesma forma como os europeus não sentiam antes
com os escravos ou com os índios das Américas e como os ricos brasileiros
começam a não sentir diante da pobreza urbana, da fome ao redor, da mortalidade
infantil, do assassinato de menino de rua.
(Cristovam
Buarque. O que é apartação. O apartheid social no Brasil. Brasiliense, 1993). APARTHEID:
A ORIGEM DO CONCEITO
Um
dia destes no estacionamento de um McDonald’s, em Brasília, dois jovens dentro
de um carro, se divertiam despejando
batatas fritas no chão para que pivetes pobres fossem atrás catando. Quem
assistia, se não se divertia também, perguntava-se por que, no Brasil, isto é
possível. O que faz com que um grupo se divirta daquela forma e outro rasteje daquele
jeito.(...)
O
que permitiu a cena repugnante foi que os donos do carro se sentiam diferentes
dos pobres pivetes, os quais viam no lixo que vinha dos ricos a única forma de
matar a fome. Apesar da língua comum, da mesma bandeira, de poderem votar no mesmo
presidente, os dois grupos se sentiam apartados um do outro, como seres
diferentes.(...)
Não
se pode dizer que o apartheid começou com os brando da África do Sul. Os gregos
antigos achavam que a espécie humana estava dividida em partes diferenciadas. Apesar
de serem os criadores do humanismo, dividiam os homens entre eles e os outros,
os bárbaros. Os primeiros nasciam para a liberdade e a riqueza da cultura, os
outros, para trabalhar como escravos.
Só
muito recentemente, há cerca de um século foi que passamos a viver em um
planeta onde os direitos iguais foram se afirmando de maneira generalizada. A
escravidão não acabou, mas passou a ser vista como um fenômeno raro,
indesejado, bárbaro e repugnante.
Mesmo
assim a desigualdade não diminuiu.
Apesar
do fim da propriedade de seres humanos por outros, a desigualdade continuou,
dependendo da nação, classe social, raça, sexo, ou simplesmente da sorte. E
essa desigualdade cresceu. Ainda que os direitos sejam estendidos igualmente a
todos, a civilização avançou aumentando a desigualdade.
A
partir de meados deste século, as coisas começaram a mudar. A urbanização
mostrou o mundo moderno para todos. Criou desejos adicionais e realizou o
conformismo, cresceram as tensões sociais, os pobres ameaçaram com revoluções,
os ricos se defenderam com ditaduras.
Essa
situação ocorreu de maneira mais dramática na África do Sul. Até o final dos
anos 40 a desigualdade econômica entre brancos e negros existia sem necessidade
de leis especiais que separassem fisicamente uns dos outros. A população negra
se submetia à discriminação exercida pela minoria branca.
A
urbanização, o crescimento econômico concentrado para os brancos e a rebeldia
da maioria negra forçaram a implantação, em 1950 da Lei do Registro de
População. Criou-se um sistema legal que mantinha os grupos sul-africanos
separados. Um conjunto de leis explicitou, determinou e regulou a separação
entre as partes da sociedade. A nova lei classificou os habitantes da África do
Sul em três categorias: os africanos ou negros, os de cor ou mestiços e os
brancos.
A
esse sistema deu-se o nome de APARTHEID, que no idioma africâner, falado pelos
brancos sul-africanos, quer dizer separação, apartação.
Novas
leis surgiram complementando o desenvolvimento separado na África do Sul. Foram
regulamentadas as áreas onde as pessoas poderiam residir, trabalhar e circular
conforme sua cor: consolidou-se a necessidade de passaporte para os não-brancos
circularem entre as áreas, proibiram-se contatos sociais, inclusive casamentos,
entre pessoas de raça diferentes, foram estabelecidos sistemas segregados de
educação com diferentes padrões e qualidade, definiram-se tipos de empregos
para cada raça, foram restringidos os movimentos sindicais de trabalhadores
não-brancos e negou-se a participação política aos não-brancos nos processos
parlamentares e governamentais.
O
sistema foi implantado visando garantir e ampliar a concentração dos
privilégios dos brancos. Não foi o apartheid que causou a desigualdade entre
brancos e negros na África do Sul. Foi a desigualdade crescente que levou os
brancos a implantar o aparthaid, como forma de conservar e ampliar seus
privilégios, inviáveis se fosse feita uma distribuição equitativa dos
resultados do progresso. (...)
Foi
graças a esse sistema que a economia sul-africana desenvolveu-se e enriqueceu,
do ponto de vista dos brancos, impedindo a ameaça política que ocorreria em um
sistema não apartado, o apartheid foi o sistema social que permitiu o surto de
desenvolvimento econômico da África do Sul. Evitando a distribuição de renda,
garantiu a formação de uma base de consumidores de alta renda e os recursos
necessários aos investimentos.
O
que mudou com o apartheid não foi o aumento da desigualdade, mas a afirmação da
diferença e com esta a aceitação sem constrangimento, da desigualdade
crescente. Ao se sentirem diferentes em relação aos negros, os brancos
incorporaram uma nova ética que lhes permitiu não sentir responsabilidade nem
culpa diante da desigualdade. Da mesma forma como os europeus não sentiam antes
com os escravos ou com os índios das Américas e como os ricos brasileiros
começam a não sentir diante da pobreza urbana, da fome ao redor, da mortalidade
infantil, do assassinato de menino de rua.
(Cristovam
Buarque. O que é apartação. O apartheid social no Brasil. Brasiliense, 1993). APARTHEID:
A ORIGEM DO CONCEITO
Um
dia destes no estacionamento de um McDonald’s, em Brasília, dois jovens dentro
de um carro, se divertiam despejando
batatas fritas no chão para que pivetes pobres fossem atrás catando. Quem
assistia, se não se divertia também, perguntava-se por que, no Brasil, isto é
possível. O que faz com que um grupo se divirta daquela forma e outro rasteje daquele
jeito.(...)
O
que permitiu a cena repugnante foi que os donos do carro se sentiam diferentes
dos pobres pivetes, os quais viam no lixo que vinha dos ricos a única forma de
matar a fome. Apesar da língua comum, da mesma bandeira, de poderem votar no mesmo
presidente, os dois grupos se sentiam apartados um do outro, como seres
diferentes.(...)
Não
se pode dizer que o apartheid começou com os brando da África do Sul. Os gregos
antigos achavam que a espécie humana estava dividida em partes diferenciadas. Apesar
de serem os criadores do humanismo, dividiam os homens entre eles e os outros,
os bárbaros. Os primeiros nasciam para a liberdade e a riqueza da cultura, os
outros, para trabalhar como escravos.
Só
muito recentemente, há cerca de um século foi que passamos a viver em um
planeta onde os direitos iguais foram se afirmando de maneira generalizada. A
escravidão não acabou, mas passou a ser vista como um fenômeno raro,
indesejado, bárbaro e repugnante.
Mesmo
assim a desigualdade não diminuiu.
Apesar
do fim da propriedade de seres humanos por outros, a desigualdade continuou,
dependendo da nação, classe social, raça, sexo, ou simplesmente da sorte. E
essa desigualdade cresceu. Ainda que os direitos sejam estendidos igualmente a
todos, a civilização avançou aumentando a desigualdade.
A
partir de meados deste século, as coisas começaram a mudar. A urbanização
mostrou o mundo moderno para todos. Criou desejos adicionais e realizou o
conformismo, cresceram as tensões sociais, os pobres ameaçaram com revoluções,
os ricos se defenderam com ditaduras.
Essa
situação ocorreu de maneira mais dramática na África do Sul. Até o final dos
anos 40 a desigualdade econômica entre brancos e negros existia sem necessidade
de leis especiais que separassem fisicamente uns dos outros. A população negra
se submetia à discriminação exercida pela minoria branca.
A
urbanização, o crescimento econômico concentrado para os brancos e a rebeldia
da maioria negra forçaram a implantação, em 1950 da Lei do Registro de
População. Criou-se um sistema legal que mantinha os grupos sul-africanos
separados. Um conjunto de leis explicitou, determinou e regulou a separação
entre as partes da sociedade. A nova lei classificou os habitantes da África do
Sul em três categorias: os africanos ou negros, os de cor ou mestiços e os
brancos.
A
esse sistema deu-se o nome de APARTHEID, que no idioma africâner, falado pelos
brancos sul-africanos, quer dizer separação, apartação.
Novas
leis surgiram complementando o desenvolvimento separado na África do Sul. Foram
regulamentadas as áreas onde as pessoas poderiam residir, trabalhar e circular
conforme sua cor: consolidou-se a necessidade de passaporte para os não-brancos
circularem entre as áreas, proibiram-se contatos sociais, inclusive casamentos,
entre pessoas de raça diferentes, foram estabelecidos sistemas segregados de
educação com diferentes padrões e qualidade, definiram-se tipos de empregos
para cada raça, foram restringidos os movimentos sindicais de trabalhadores
não-brancos e negou-se a participação política aos não-brancos nos processos
parlamentares e governamentais.
O
sistema foi implantado visando garantir e ampliar a concentração dos
privilégios dos brancos. Não foi o apartheid que causou a desigualdade entre
brancos e negros na África do Sul. Foi a desigualdade crescente que levou os
brancos a implantar o aparthaid, como forma de conservar e ampliar seus
privilégios, inviáveis se fosse feita uma distribuição equitativa dos
resultados do progresso. (...)
Foi
graças a esse sistema que a economia sul-africana desenvolveu-se e enriqueceu,
do ponto de vista dos brancos, impedindo a ameaça política que ocorreria em um
sistema não apartado, o apartheid foi o sistema social que permitiu o surto de
desenvolvimento econômico da África do Sul. Evitando a distribuição de renda,
garantiu a formação de uma base de consumidores de alta renda e os recursos
necessários aos investimentos.
O
que mudou com o apartheid não foi o aumento da desigualdade, mas a afirmação da
diferença e com esta a aceitação sem constrangimento, da desigualdade
crescente. Ao se sentirem diferentes em relação aos negros, os brancos
incorporaram uma nova ética que lhes permitiu não sentir responsabilidade nem
culpa diante da desigualdade. Da mesma forma como os europeus não sentiam antes
com os escravos ou com os índios das Américas e como os ricos brasileiros
começam a não sentir diante da pobreza urbana, da fome ao redor, da mortalidade
infantil, do assassinato de menino de rua.
(Cristovam
Buarque. O que é apartação. O apartheid social no Brasil. Brasiliense, 1993).