A DIVINA MODA
A DIVINA "MODA"
Professor Ivalcy Thomaz Tertuliano de Melo.
A ciência a serviço do
capitalismo mapeou o homem, identificando seu comportamento fê-lo prostar
diante dos interesses comerciais. O princípio desse mapeamento é que não há
nada que esteja no cérebro que antes não tenha passado pelos sentidos: olfato,
visão, paladar, audição e tato. Esse é o sucesso do Empirismo.
O Empirismo é uma corrente
filosófica de origem inglesa que afirmava a importância dos sentidos para a
realização do conhecimento humano. Dentre seus principais filósofos estavam
Locke, Hume, Hobbes. Na relação com as
coisas, o Homem extrai todas as impressões do mundo objetivo e assim se forma a
compreensão que o homem tem do mundo. Nunca antes o primado do empirismo teve
tanta ênfase como agora. Pesquisas e mais pesquisas são feitas para determinar
o condicionamento adequado para a se determinar o modo como as pessoas devem
vestir, degustar, cheirar, assistir ou ouvir. O comércio paga tais pesquisas com o objetivo de lucro mais
com a venda dos produtos.
Sob a ditadura do tato
e da visão, a moda cria a maneira como
os homens e mulheres devem andar vestidos. As mulheres usam e abusam de roupas
compradas em série. Sendo de grife ou
não, a sensualidade é o princípio norteador, camisetas transparentes ou
bastante decotadas, mostrando boa parte dos seios são chamativas e atraem a
atenção, principalmente do público masculino. Calças apertadas bem coladas ao
corpo para mostrar as silhuetas das roupas íntimas têm melhor preferência,
shortes que possam deixar as pernas à vista são a preferência, esses são apenas
alguns recursos que a moda coloca a disposição. Não se pode dizer que seja uma unanimidade
depois tem mulheres que não usam de tais recursos.
Os rapazes, também, buscam
na moda um diferencial a mais. A roupa de grife ostenta um recado: _ eu sou
economicamente independente, posso oferecer segurança e divertimento para a parceira que estiver ao meu lado! O carro é um recurso indispensável para o
status do jovem ou do homem maduro
independente. Quanto mais aparelhado e mais caro for o objeto de uso, maior valor social é agregado à pessoa que o possui. A moda, também, dita o
perfil da mulher magérrima e do homem sarado, nem que essa imagem venha a “qualquer custo”.
Sob a ditadura do paladar,
a gastronomia diz o que as pessoas devem
ou não comer. O comércio faz a ciência pesquisar a melhor maneira de vender o
produto, seja pela aparência seja pelo cheiro. Assim os corantes especiais
conferem sabor e imagem ao que antes seria visto como um alimento não saudável.
Doce ou salgado, com muita gordura ou açúcar,
ao cair no paladar o produto será consumido com satisfação, com prazer.
Mesmo que depois a indigestão, os gases, os refluxos sejam consequência indesejáveis. Mas todos
continuarão consumindo sem nem bem saber o
porque.
Da audição e da visão, os
meios de comunicação nortearão as opiniões das pessoas. A música preferida, o
pleito político que deverá ser ganho por esse ou aquele candidato, o time de
futebol para o qual você deverá manifestar simpatia, a discussão acalorada
sobre o último furo jornalístico da semana. Importante é que o programa dê
ibope a qualquer custo, pois a concorrência nunca pode estar pontos percentuais
à frente. Ah!, Sim, violência dá ibope,
mesmo que divulgá-la sirva de estímulos para novas violências futuras.
De alguma maneira até o
olfato não nos pertence mais. A farmacologia,
ciência com bastante ênfase atualmente, procura vender os cosméticos, os
perfumes, tudo o que possa seduzir o nariz. Pesquisas procuram ver que tipo de
aroma melhor seduza aos homens e quais que os homens utilizando possam enlouquecer
as mulheres.
Nesse processo todo, o homem não é o fim, mas o meio para se
adquirir mais e mais lucro para o comerciante principal. Aquele que detém os
direitos do remédio a ser usado por todos, nem que para isso alguns virus sejam
preservados em laboratório ou de quando em quando haja uma bobagem de epidemia.
Aquele que detém os direitos autorais da música que todo mundo repete o refrão
e que ninguém sabe explicar o porquê. Aquele que comercializa os jogos de
videogame, os quais os meninos vão ficando abarrotado de jogos de conceitos e
imagens, algumas bem imprudentes, assim
como, engordando e adquirindo tipos
diversos de doenças psicossomáticas.
Nesse novo mundo norteado
pelos sentidos, as famílias vão deixando de conversar. A mulher é capaz de repetir e contar com
detalhes o capítulo da novela da noite passada, mas não é capaz de dizer o que
se passa com seu filho ou aonde anda seu marido. O marido sabe na ponta da
língua o placar e os jogadores do mundo todo, a situação política de diversas
nações e o melhor nicho de negócio em que fazer aplicação monetária, mas não
consegue administrar bem o seu lar.
Sobreviva se for capaz. O novo “deus” da
contemporaneidade, o comércio, tem de
ser alimentado a todo instante, nem que para isso alguns milhares se sintam
derrotados, pelas drogas, pelo divórcio, pela violência, pelas doenças. Mas,
senhores se esse novo “deus” é tão contundente para manipular a vida das
pessoas, alguém pode perguntar: - Aonde ele está, para que possamos fazer
algumas coisa? Esse novo “deus” está em
todo canto e lugar, pois como o Deus do
cristianismo, ele é onisciente, onipresente e onipotente, só se pode enxergá-lo
com os olhos do Senso Crítico.