quinta-feira, 5 de maio de 2022

 

MENINOS PERVERSOS CHEFES ASSEDIADORES

 

Existe uma deformação no caráter na qual pessoas usam de crueldade para anular os outros. Esse traço da personalidade acentua-se quando se encontra ambiente propício para seu desenvolvimento, como lares permissivos, escola ou ambiente de trabalho sem coerção. Tais indivíduos crescem se habituando a humilhar e a diminuir os outros. Á essas pessoas, a perversidade provocada no outro, proporciona, até mesmo, satisfação e bem estar. 

J.L. contava com alegria como conseguia que os coleguinhas do primário lhes dessem seus lanches no horário de recreação. Intimidava-os demonstrando os golpes que aprendera na academia, paga desde cedo pelo seus pais. Geralmente expunha o corpanzil e falava em tom ameaçador no meio de todos, tudo minuciosamente observando a atitude dos outros, facilmente amedrontáveis. Depois disso, procurava suas vítimas, as crianças mais tímidas e as mais franzinas. Ele as ameaçava com palavras, se não reagiam, via se transformar em uma presa fácil. O pai o encorajava dizendo: - Não são fracotes? Então é porque os pais são sem iniciativa e merecem ser exploradas, mesmo! J.L. contava tudo isso de modo espontâneo, no meio dos colegas. Mesmo, agora adulto, ele logo procura se impor com voz agressiva e gestos largos. 

Acontece que, hoje, J.L. é dono de uma pequena empresa, seus funcionários costumam dizer se tratar de um chefe muito grosseiro, de uma liderança ostensiva, em que todo mundo abaixo dele têm que cumprir metas extenuantes. Aqueles que não conseguem, aparecem com seus nomes numa lista, apregoada em um quadro de avisos. Volta e meia, dizem seus colaboradores, ainda passam constrangimentos de frases subentendidas e indiretas: - É, tá indo mal das pernas, olha que temos que conversar! O indivíduo ficava pressionado, ou produzia mais ou cometia uma série de erros, que junto ao baixo desempenho o levava à demissão.

As mulheres da empresa vivem em estado de alerta, pois volta e meia existem convites feitos não de forma direta, mas de cunho imoral. MJ, uma mulher muito bonita, chegou mesmo a pedir demissão da empresa, a perseguição foi tamanha e como a mesma não cedia, ficou inviável continuar na empresa. Algumas colegas costumavam incitá-la a ceder às investidas de JL, dizendo: - Vai boba! Você vai receber um tratamento diferenciado na empresa. Porém, mesmo aquelas que já tinham saído com o chefe, eram maltratadas e cobradas de forma extenuante. Apesar de MJ ameaçar diversas vezes dar parte na polícia, processá-lo, JL não se intimidava.

Comportamentos perversos, como este, são encontrados em escolas, lares ou no ambiente de trabalho. O problema está em que, geralmente, tais pessoas contam com a discrição de quem assiste e não toma partido, por medo de se tornar a próxima vítima, ou pela satisfação de ver o sofrimento dos outros. Na escola o coleguinha assiste a cena de bullying, chega em casa conta para os pais, que logo dizem: - “ Não se mete, eles que são branco que se entendam!”  No trabalho assistimos o colega ser pressionado constantemente, e nos conformamos, afinal ele está sofrendo é porque fez por merecer! O certo é que o assédio moral, o assédio sexual e o bullying contam com a conivência dos espectadores e da vítima e que no fim,, acabam por destruir o assediado, muitos mesmo chegam a cometer suicídio.

É um tipo de comportamento gratuito. Nasce do comportamento perverso, não adianta procurar explicação, porque há um enredamento entre o caçador e sua vítima. A verdade é que a fraqueza da vítima é também o combustível para novas insinuações e quando perguntado, o assediador se esquiva dizendo: - Não tem nada pessoal! É imaginação dele. Não ditos, dissimulações, gestos e comportamentos de desprezo, são as armas do assediador, um arsenal pesado jogado sobre à vítima para desestabilizá-la emocionalmente, fazê-la cometer erros, desequilibrar-se. Se houver gritos ou a vítima reagir grosseiramente, procurará desmerecê-la diante dos que assistem, numa clara virada de jogo. Com a auto-estima degradada a pessoa cai em depressão ou mesmo se afasta do trabalho e algumas chegam a morrer, sendo esse o sucesso da pessoa perversa. 

Para quebrar tal enrendamento é quanto a tudo ir juntando provas, adquirir confiança e a amizades dos outros. Deve se saber com quem se pode contar nessa hora, sempre que possível relatar para pessoas ocupantes de cargos superiores na hierárquia o que anda acontecendo. Se o assediador for o dono da empresa, deve-se reunir provas para denúnciá-lo, gravando, registrando, etc., mesmo que sejam meras desconfianças. As crianças devem relatar o problema para os pais, os pais devem atinar para detalhes comportamentais das crianças, como falta de expectativa, tristeza, etc., manter a calma é super necessário, afinal: “- apelou perdeu!”, adiquirindo confiança pode-se aos poucos melhorar o psicológico. Conversar com os mais próximos, parentes, amigos, desabafar e não guardar para si, é uma das saídas para se evitar a depressão. 

Desvios de comportamento vão sempre existir, pois não se pode mudar as pessoas, senão a nós mesmos, assim procurar ficar atento em casa, no ambiente de trabalho ou na escola, só assim, se pode escapar do índivíduo perverso ou assediador. 

( Texto do professor: Ivalcy Thoma, subsídios para uma vida com confiança, material apostilado, 2001). 

 

 

Parte do Discurso de Posse do Ministro Barroso no TSE/Brasil 2020

Numa democracia, política é gênero de primeira necessidade. Não há alternativa a ela. Considero que a vida pública vivida com integridade, idealismo e espírito público é uma das atividades mais nobres a que alguém pode se dedicar. Ajudar a traçar os rumos da nação, escolher os caminhos do desenvolvimento, da justiça social e do avanço civilizatório é a missão sublime que toca aos agentes públicos eleitos. Uma vida que pode ser vivida com extraordinária grandeza.

(...)Declino aqui, desde logo, três objetivos que irão mobilizar a nossa gestão relativamente à política. O primeiro deles é uma grande campanha pelo voto consciente. Precisamos despertar, em muitas faixas do eleitorado, a compreensão de que o voto não é um mero dever cívico que se cumpre resignadamente, mas uma oportunidade de moldar o país e mudar o mundo. É preciso se informar com antecedência acerca dos candidatos, verificar o que cada um já fez, o que promete e qual credibilidade merece. Votar consciente é guardar o nome do seu representante, acompanhar o seu desempenho e só renovar o seu mandato se ele continuar merecedor de confiança. Numa democracia verdadeira, não existe nós e eles. Eles são aqueles que nós colocamos lá.

Um outro objetivo da nossa gestão será o de atrair jovens para a política, jovens patriotas e preocupados com o Brasil. Eu sou professor há quase 40 anos,(....) Tenho alunos espalhados por diferentes setores públicos: dezenas deles no Itamaraty, na Magistratura, no Ministério Público, na Polícia Federal, na Defensoria Pública. Porém, conto nos dedos de uma só mão os que foram para a política. Não deveria ser assim. Precisamos de jovens que ajudem a escrever e a reescreve a nossa história, movidos pelo sentimento mais elevado que pode ter o ser humano: servir ao próximo e à causa da humanidade.

Um terceiro objetivo da nossa gestão é o empoderamento feminino. Atrair mulheres para a política e para postos-chave na vida nacional. Foi longa a trajetória da condição feminina na história da humanidade e na vida do país. Conquistas que incluem direito à educação, liberdade sexual, direitos para a mulher não casada, igualdade no casamento e acesso ao mercado de trabalho, assim como lutas ainda inacabadas contra a violência doméstica, a violência sexual e atitudes preconceituosas e desrespeitosas, que vão do assédio à linguagem sexista. Fomos criados em uma cultura machista e sua superação é um aprendizado e uma vigilância constantes. Ainda assim, poucas transformações foram mais extraordinárias ao longo da minha vida adulta quanto a ascensão feminina.

Uma das grandes preocupações da Justiça Eleitoral são as chamadas fake news ou, mais apropriadamente, as campanhas de desinformação, difamação e de ódio. Refiro-me às informações intencionalmente falsas e deliberadamente propagadas. A internet permitiu a conexão de bilhões de pessoas pelo mundo afora em tempo real, dando lugar a fontes de informação independentes e aumentando o pluralismo de ideias em circulação. Porém, na medida em que as redes sociais adquiriram protagonismo no processo eleitoral, passaram a sofrer a atuação pervertida de milícias digitais, que disseminam o ódio e a radicalização. São terroristas virtuais que utilizam como tática a violência moral, em lugar de participarem do debate de ideias de maneira limpa e construtiva. A Justiça Eleitoral deve enfrentar esses desvios, mas é preciso reconhecer que sua atuação é limitada por fatores diversos. Por isso mesmo, os principais atores no enfrentamento às fake news hão de ser as mídias sociais, a imprensa profissional e a própria sociedade. As plataformas digitais – como Google, Facebook, Instagram, Twitter e Whatsapp –, todos parceiros do TSE sob a liderança da Ministra Rosa Weber, podem - e devem - se valer da própria tecnologia e de suas políticas de uso para neutralizar a atuação de robôs e comportamentos inusuais na rede.

 É necessário o esforço comum de todas elas para impedirem o uso abusivo que importa em degradação da democracia. E, mais que nunca, nós precisaremos de Imprensa profissional, que se move pelos princípios éticos do jornalismo responsável, capaz de separar fato de opinião, e de filtrar a enorme quantidade de resíduos que circula pelas redes sociais. Também as empresas de verificação de fatos passaram a ter papel decisivo na qualidade do debate público, em busca da verdade possível, ainda que plural. A Justiça Eleitoral, por sua vez, terá grande empenho no sentido de informar e conscientizar as pessoas, alertando-as a não crer acriticamente em toda informação que recebem e, sobretudo, a não repassá-las irresponsavelmente. Nesse particular, vamos precisar de um resgate da boa-fé, da regra de ouro: não fazer aos outros o que não gostaria que fizessem consigo. Assim, não dá para repassar a notícia inverídica sobre o candidato rival e depois se indignar quando fazem o mesmo com o candidato da própria preferência. Também aqui precisamos de avanço civilizatório e evolução espiritual.

A Constituição de 1988 completa 31 anos no dia 5 de outubro próximo. Com ela, fizemos a travessia bem-sucedida de um regime autoritário, intolerante e muitas vezes violento para um Estado democrático de direito, com eleições periódicas e alternância do poder. Essa foi a grande conquista da nossa geração. Um país sem presos políticos, sem exilados, sem violência contra os adversários. Democracia não é o regime político do consenso, mas aquele em que o dissenso é legítimo, civilizado e absorvido institucionalmente. Quem pensa diferente de mim não é meu inimigo, mas meu parceiro na construção de uma sociedade aberta e de um mundo plural. A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. Nela só não há lugar para a intolerância, a desonestidade e a violência. Temos três décadas de estabilidade institucional, que resistiu a chuvas, vendavais e tempestades. Não há volta nesse caminho. Só quem não soube a sombra não reconhece a luz que é viver em um Estado democrático de direito, com todas as suas circunstâncias. Nós já percorremos e já derrotamos os ciclos do atraso.

Discurso na integra in: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2020/05/tse-discurso-de-posse-luis-roberto-barroso-25-05-2020_250520201154.pdf

 

 

QUESTIONÁRIO

1-O que o ministro pensa do voto? E o que é para ele voto consciente?

2 – Qual o papel da mulher esperado por ele?

3 – Como devem ser combatidas as Fake News?

4 – Enumere alguns aspectos que devem estar presente no exercício da democracia.

5-  O que na gestão do ministro será feito em relação do jovem na política?

 

EU TENHO UM SONHO               ( Martin Luther King Jr.)

Em 28 de agosto de 1963, mais de 200 mil pessoas se reuniram entre o Monumento de Washington e o Memorial de Lincoln na capital dos Estados Unidos para uma demonstração pacífica em prol da luta pelos direitos humanos. O ponto alto foi o discurso proferido  pelo Reverendo Martin Luther King Jr., no qual conclamava o povo a trabalhar com fé, pois assim  sobreviria uma mudança e algum dia todos seriam julgados não pela cor da pele, mas por seu caráter. 

Há um século, um grande norte-americano, cuja sombra simbólica nos dá alento hoje, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse momentoso decreto chegou como o grande farol da esperança para milhões de escravos negros,  que haviam sido marcado pelas brasas de vergonhosa injustiça. Chegou como alegre despertar que viria pôr um fim à longa noite de cativeiro.

Porém, cem anos depois, precisamos encarar o trágico fato de que os negros ainda não são livres. Cem anos depois, a vida do negro ainda é prejudicada pelos grilhões da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos depois, o negro vive numa ilha solitária de pobreza em meio ao vasto oceano da prosperidade material. Cem anos depois, o negro ainda definha nos cantos da sociedade norte-americana e é exilado em sua própria terra. Pois estamos aqui hoje para expressar dramaticamente essa condição estarrecedora.

De uma certa forma, viemos para a capital do país para descontar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram aquelas palavras magníficas da Constituição e da Declaração de Independência, estavam assinando uma nota promissória à qual todos os cidadãos norte-americanos viriam a ter direito. Essa nota era a promessa de que todos os homens teriam garantidos os inalienáveis direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade. 

Hoje, é óbvio que os Estados Unidos não cumpriram com os termos dessa nota, no que tange aos cidadãos de cor. Em vez de honrar essa obrigação sagrada, um carimbo dizendo “sem fundos”. Recusamo-nos, porém, a acreditar que o banco da justiça esteja falido. Recusamo-nos a acreditar que sejam insuficientes os fundos nos grandes cofres de oportunidades deste país. Viemos, então, descontar esse cheque – um cheque que nos dará sempre que solicitarmos a riqueza da liberdade e a segurança da justiça.

Também viemos a este lugar santificado para relembrarmos os Estados Unidos da imperiosa urgência de agora . Não é hora de permitir o luxo do arrefecimento ou de se tomar o tranquilizante do gradualismo. Agora é hora de realizar as promessas da democracia. Agora é hora de emergir do escuro e desolado vale da segregação rumo ao caminho ensolarado da justiça racial. Agora é hora de retirar nosso país do lodaçal da injustiça racial e coloca-lo sobre a sólida rocha da fraternidade.

Seria fatal para o país negligenciar a urgência do momento e subestimar a determinação dos negros. Este sufocante verão de legítimo descontentamento dos negros não passará  até que sobrevenha o revigorante outono de liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas sim, um começo. Aqueles que esperam que os negros estejam satisfeitos agora, depois de ter aliviado a pressão, terão um difícil despertar se o país voltar que era antes. Não haverá descanso nem tranquilidade nos Estados Unidos até que os negros desfrutem de seus direitos de cidadania. A tormenta da revolta continuará abalando os alicerces de nosso país até que surja o belo dia da justiça.

Mas há algo que preciso dizer ao meu povo que se encontra no aconchegante limiar de acesso ao palácio da justiça. No processo de conquista do nosso lugar de direito, não devemos aceitar a culpa de erros passados. Não vamos saciar a sede de liberdade bebendo do cálice da amargura e do ódio. Devemos sempre conduzir nossa luta no elevado plano da dignidade e da disciplina. Não devemos  permitir que nosso protesto criativo se degenere em violência física. Devemos estar nos elevando constantemente às majestosa alturas do confronto à força física pela força do espírito. (...)

Jamais poderemos estar satisfeitos enquanto os negros continuem  sendo vítimas dos inefáveis horrores da truculência policial. (,,,,)

Digo hoje para vocês, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente arraigado no sonho norte-americano.

Sonho que este pais um dia se levante e passe a viver o significado real de seu credo: “Tais verdades são, para nós, evidentes: que todos os homens  são criados em igualdade”.

Sonho que um dia, sobre as colinas avermelhadas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos donos de escravos possam se sentar juntos à mesa da fraternidade.

Sonho que um dia, até mesmo o estado do Mississippe, um deserto sufocante do calor da injustiça e opressão, venha a ser transformado num  oásis de liberdade e justiça.

Sonho que meus quatro filhos um dia vivam num país onde não serão julgados pela cor da pele mas por seu caráter.

Eu tenho um sonho hoje.

Sonho que um dia o estado do Alabama, cujo governador tem nos lábios as palavras da intervenção e ada anulação, venha se transformar numa situação onde criancinhas negras possam andar juntas e de mãos dadas com as brancas, como crianças irmãs. (.....)

É essa nossa esperança. É essa a fé com que volto para o sul. Com ela poderemos escavar da montanha do desespero a pedra da esperança. Com ela poderemos transformar a discórdia dissonante de nosso  país numa bela sinfonia de fraternidade. Com essa fé conseguiremos trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, ir presos juntos, unirmo-nos em prol da liberdade juntos, sabendo que um dia seremos livres. (...)

Se deixarmos que soe a liberdade, se a deixarmos soar em todos os vilarejos e povoados, em todos os estados e em todas as cidades, conseguiremos  antecipar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, semitas e não semitas, protestantes e católicos, poderão dar as mãos e cantar as palavras do antigo spiritual dos negros. “Livres, finalmente! Livres, finalmente! Graças a Deus Todo Poderoso, estamos livres, finalmente!

( o livro das virtudes: uma analogia  de William J. Bennet \ selecionado e adaptados de ed. Americana por) Luiz Raul Machado – Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1995.

 

 

CARACTERÍSTICAS DE UM MUNDO GLOBALIZADO

                                                                    Prof. Ivalcy Thomaz T de Melo

A  tecnologia e a informática aproximaram as distâncias, porém aprofundaram as diferenças entre as pessoas.  Em tempo real é possível se comunicar com pessoas do outro lado do mundo  para namorar, para comprar e para vender. Tudo acontece numa velocidade que aproximam as pessoas de diferentes partes do planeta. Por outro lado, também a desigualdade nunca foi tão abismal como se verifica nos dias atuais.

O mundo globalizado se define,   basicamente,  por duas características: um mercado volátil e a imediaticidade da informação. O que quero dizer com um mercado volátil, não faz muito tempo, comprava-se e vendia-se diretamente entre pessoas envolvidas na negociação. Num mercado volátil, em constantes mudanças,  as negociações são virtuais, o consumidor não precisa pegar no dinheiro,  basta um simples clique, uma aproximação de cartão ou mesmo, o apertar de um botão,  e  o capital sai de uma mão e passa para a outra,  em qualquer lugar do planeta. O dinheiro se movimenta numa fluidez inimaginável. Se perde e se ganha grandes forturnas em questão de dias ou até mesmo  de horas.

Nesse novo tipo de mercado, as bolsas de valores, espalhadas pelo mundo,  servem de termômetro da saúde financeira das pessoas e  da riqueza das nações.  As ações são negociadas com tanta rapidez que os acionistas tiram e colocam,  ao bel prazer,  seu dinheiro numa um país para outro, tudo numa breve ordem:  - Faça-se! Não se importando muito com o que acontecerá com as pessoas de uma tal localidade. O que elas faram? Como vão lhe dar sem seus empregos , sem os saláios que recebiam.  O mercado é globalizado, mas as pessoas não . Elas não acompanham a mudança da empresa para outra localidade. Elas ficam.  O ruim disso é que a entrada e a saída de dinheiro de maneira tão vertiginosa afundam as nações em crises sucessivas. O mercado volatizado é uma arma que modifica a vida das pessoas de um país da noite para o dia, porém ninguém tem responsabilidade por isso. -  Ah! mas coisas são assim mesmo.

Outra característica é a imediaticidade da informação. As pessoas hoje passam mais tempo em frente ao computado e do celular que conversando com os parentes e amigos. Elas ficam aflitas querendo saber do último fato, o último babado. É um excesso de imagens e informação que se perde o senso de proximidade.  Todo tipo de informação é consumida. Do gourmet a sexualidade, do entretenimento ao escândalo político. As pessoas compartilham seus hábitos, suas intimidades tudo para ganhar mais visualizações. Pode-se denegrir a vida do outro ou da outra com vista a receber um “joinha”. A nudez do outro ou da outra é um meio de se ganhar mais like. A coisa chega a tal ponto que não se sabe a natureza da notícia: Mas, então isso é verdade ou é mentira!?  

 Fake News, esse foi o  termo criado pelos norte americanos, para falar de uma mentira que circula com ares de verdade. O conteúdo da notícia depende do espaço mediático no qual ela é difundida. Para cada tipo de consumidor um propósito de notícia. Ninguém quer saber muito da verdade. A verdade é relativa. Importa mesmo é  o  gosto das pessoas por uma informação: - isso é bom, isso é inútil! Não é a informação em si que autentica a verdade,  mas o meio que determina o grau de aceitabilidade da informação, Mc Luhan o grande teórico da comunicação já dizia que “o mundo se tornou uma aldeia global”.  Numa aldeia todos se conhecem, mas como numa aldeia o modo de vida é rudimentar e pré-civilizatório.

De tudo o que foi dito,  deduz-se, uma que no mundo globalizado  as fronteiras da comunicação, aproximaram, sim,  as pessoas, porém as afastam daquilo que é mais característico do humanismo, a preocupação com o outro, com seus sofrimentos, suas dificuldades, suas dores, seus valores.

quarta-feira, 20 de abril de 2022

 

                        SÓ UMA QUESTÃO DE PRINCÍPIOS

Um das grande contradições de certas pessoa é se dizer uma pessoa com princípios, mas de fato aceitar na prática situações  opostas a tais princípios, tidos como aceitos. São princípios,  o  respeito á vida, igualdade da pessoa humana, o respeito a livre iniciativa do trabalho,  e a liberdade de que cada pessoa possa dizer o que pensa.

Por exemplo, uma pessoa diz ter como princípio o respeito á vida, mas cai numa incoerência muito grande defender o aborto, a pena de morte, ou mesmo a eutanásia. Hora, se como princípio à vida tem de está em primeiro lugar, não pode haver tolerância com a conveniência de aceitar os casos de aborto  – Há! mas, a menina vai sofrer a pressão social! Hora o corpo da mulher pertence a muher e ela faz dele o que quiser!  De outro modo ser conivente com a Eutanásia, morte consetida, pelos argumentos de que, _  Cada pessoa é dono de sua vida e pode fazer dela o que bem desejar!  Assim recomendar aos médicos abrevia a vida de alguém, mesmo por amor é contraditório.  Na defesa da Pena de Morte indo na linha de pensamento, _ Ora o indivíduo cometeu tamanhos crimes hediondos, daí ser  é melhor para a sociedade que se tire a vida desse  selvagem, ele  virou um animal! Ele é  um risco para todos se solto, e, até mesmo,   para aliviar a sociedade com o senso de realizada  é melhor que se aplique a pena de morte, no caso dele. Ora, é incoerente declarar-se como tendo como princípio o respeito à vida para todos esses casos.

Alguém ainda pode dizer,  tenho como princípio a igualdade da pessoa humana. Porém, aceitar que uns são mais iguais que outros é um erro. Está escrito,  Todo homem deve nascer em igualdade de direitos, foi isso que os revolucionários franceses estabeleceram na Declaração dos Direitos do Homem, em 1789. Ninguém pode ser discriminado por sua cor, raça ou credo, ou opção sexual.  Já se ouviu pessoas dizerem que defendem a liberdade de opinião. Porém, quando o que outro diz  vai de encontro aos seus interesse, dizem  ser preferível que outro ficasse calado. Entretanto, foi assim que os grandes revolucionários mudaram o mundo, dizendo o que pensavam. Quem tinha a capacidade de escutar,  se tornava esclarecidos,  os que não,  se afundavam no fanatismo, no fundamentalismo religioso. Já ouviu a frase: Posso não concordar em nada do que você diz, mas irei até o fim com você,  pela defesa do seu direitos de falar e dizer qual é a sua opinião, mais ou menos com essas palavras que Voltaire influenciou os revolucionários franceses da Revolução Francesa.  

Outros podem dizer, defendo como princípio a livre iniciativa, mas aceito que sejam mais ricos aqueles que trabalharam mais, pois eles fizeram por merecer trabalhando muito mais que outros. Pobre é pobre porque é preguiçoso! O camarada quer montar um negócio para sobreviver, mas alguém vem e diz que ali ele não pode se estabelecer. Gente! Não existe dignidade se o homem não pode viver com o fruto do seu trabalho. Toda espécie de ajuda do Estado,  sim  é bem vida, quem tá na imediaticidade de morrer de  fome precisa da solidariedade do Estado e das outras pessoas. Apenas pela via do trabalho é que se pode uma pessoa alcançar realmente sua cidadania. Também, não dá pra admitir sujar, denegrir o que o outro faz, desmoralizando-o  só porque uma pessoa ocupa ou desempenha dada ocupação social.

Importa é que não ter respeito pelo outro é desrespeitar o trabalho dele, seu espaço corporal, sua maneira de falar ou se posicionar por causa de sua cor, crença religiosa, ou opção sexual. Ter princípios é caminhar para ser uma pessoa civilizada e socialmente integrada, respeitando a si e os outros.

 

  

MENINOS PERVERSOS CHEFES ASSEDIADORES

 

Existe uma deformação no caráter na qual pessoas usam de crueldade para anular os outros. Esse traço da personalidade acentua-se quando se encontra ambiente propício para seu desenvolvimento, como lares permissivos, escola ou ambiente de trabalho sem coerção. Tais indivíduos crescem se habituando a humilhar e a diminuir os outros. Á essas pessoas, a perversidade provocada no outro, proporciona, até mesmo, satisfação e bem estar. 

J.L. contava com alegria como conseguia que os coleguinhas do primário lhes dessem seus lanches no horário de recreação. Intimidava-os demonstrando os golpes que aprendera na academia, paga desde cedo pelo seus pais. Geralmente expunha o corpanzil e falava em tom ameaçador no meio de todos, tudo minuciosamente observando a atitude dos outros, facilmente amedrontáveis. Depois disso, procurava suas vítimas, as crianças mais tímidas e as mais franzinas. Ele as ameaçava com palavras, se não reagiam, via se transformar em uma presa fácil. O pai o encorajava dizendo: - Não são fracotes? Então é porque os pais são sem iniciativa e merecem ser exploradas, mesmo! J.L. contava tudo isso de modo espontâneo, no meio dos colegas. Mesmo, agora adulto, ele logo procura se impor com voz agressiva e gestos largos. 

Acontece que, hoje, J.L. é dono de uma pequena empresa, seus funcionários costumam dizer se tratar de um chefe muito grosseiro, de uma liderança ostensiva, em que todo mundo abaixo dele têm que cumprir metas extenuantes. Aqueles que não conseguem, aparecem com seus nomes numa lista, apregoada em um quadro de avisos. Volta e meia, dizem seus colaboradores, ainda passam constrangimentos de frases subentendidas e indiretas: - É, tá indo mal das pernas, olha que temos que conversar! O indivíduo ficava pressionado, ou produzia mais ou cometia uma série de erros, que junto ao baixo desempenho o levava à demissão.

As mulheres da empresa vivem em estado de alerta, pois volta e meia existem convites feitos não de forma direta, mas de cunho imoral. MJ, uma mulher muito bonita, chegou mesmo a pedir demissão da empresa, a perseguição foi tamanha e como a mesma não cedia, ficou inviável continuar na empresa. Algumas colegas costumavam incitá-la a ceder às investidas de JL, dizendo: - Vai boba! Você vai receber um tratamento diferenciado na empresa. Porém, mesmo aquelas que já tinham saído com o chefe, eram maltratadas e cobradas de forma extenuante. Apesar de MJ ameaçar diversas vezes dar parte na polícia, processá-lo, JL não se intimidava.

Comportamentos perversos, como este, são encontrados em escolas, lares ou no ambiente de trabalho. O problema está em que, geralmente, tais pessoas contam com a discrição de quem assiste e não toma partido, por medo de se tornar a próxima vítima, ou pela satisfação de ver o sofrimento dos outros. Na escola o coleguinha assiste a cena de bullying, chega em casa conta para os pais, que logo dizem: - “ Não se mete, eles que são branco que se entendam!”  No trabalho assistimos o colega ser pressionado constantemente, e nos conformamos, afinal ele está sofrendo é porque fez por merecer! O certo é que o assédio moral, o assédio sexual e o bullying contam com a conivência dos espectadores e da vítima e que no fim,, acabam por destruir o assediado, muitos mesmo chegam a cometer suicídio.

É um tipo de comportamento gratuito. Nasce do comportamento perverso, não adianta procurar explicação, porque há um enredamento entre o caçador e sua vítima. A verdade é que a fraqueza da vítima é também o combustível para novas insinuações e quando perguntado, o assediador se esquiva dizendo: - Não tem nada pessoal! É imaginação dele. Não ditos, dissimulações, gestos e comportamentos de desprezo, são as armas do assediador, um arsenal pesado jogado sobre à vítima para desestabilizá-la emocionalmente, fazê-la cometer erros, desequilibrar-se. Se houver gritos ou a vítima reagir grosseiramente, procurará desmerecê-la diante dos que assistem, numa clara virada de jogo. Com a auto-estima degradada a pessoa cai em depressão ou mesmo se afasta do trabalho e algumas chegam a morrer, sendo esse o sucesso da pessoa perversa. 

Para quebrar tal enrendamento é quanto a tudo ir juntando provas, adquirir confiança e a amizades dos outros. Deve se saber com quem se pode contar nessa hora, sempre que possível relatar para pessoas ocupantes de cargos superiores na hierárquia o que anda acontecendo. Se o assediador for o dono da empresa, deve-se reunir provas para denúnciá-lo, gravando, registrando, etc., mesmo que sejam meras desconfianças. As crianças devem relatar o problema para os pais, os pais devem atinar para detalhes comportamentais das crianças, como falta de expectativa, tristeza, etc., manter a calma é super necessário, afinal: “- apelou perdeu!”, adiquirindo confiança pode-se aos poucos melhorar o psicológico. Conversar com os mais próximos, parentes, amigos, desabafar e não guardar para si, é uma das saídas para se evitar a depressão. 

Desvios de comportamento vão sempre existir, pois não se pode mudar as pessoas, senão a nós mesmos, assim procurar ficar atento em casa, no ambiente de trabalho ou na escola, só assim, se pode escapar do índivíduo perverso ou assediador. 

( Texto do professor: Ivalcy Thoma, subsídios para uma vida com confiança, material apostilado, 2001). 

 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

A GRANDE INVENÇÃO GREGA


Não vou lhe ocultar que desde o começo a invenção democrática teve sérios adversários, tanto no campo teórico, como no prático. A verdade é que a democracia se baseia num paradoxo, que fica evidente ao se refletir um pouco sobre o assunto: todos nós conhecemos mais pessoas ignorantes do que sábias e mais pessoas más do que boas … portanto é lógico supor que a decisão da maioria terá mais ignorância e maldade do que o contrário. Os inimigos da democracia insistiram desde o primeiro momento em que confiar nos muitos é confiar nos pobres (…) A maioria se engana com facilidade, qualquer sofista ou demagogo que diz palavras bonitas é mais ouvido do que pessoas razoável, que aponta defeitos e problemas. E a quem não engana se compra, porque o vulgo só quer saber de dinheiro e de diversões. Etc, etc….

Suponho que muitas dessas objeções antidemocráticas (todas, atrevo-me a dizer), você já conhece. Você as ouve serem formuladas todos os dias contra o modesto regime democrático em que vive. Não creia que são coisas de hoje, bem ora os que a dizem agora suponham ter feito uma grande descoberta.

Na realidade, são tão velhas quanto a própria democracia. É com razão, porque a invenção da democracia é demasiado revolucionária para ser aceita sem escândalo …. Já não digo no século V antes de Cristo, mesmo em fins do século XX! O natural é que mandem os mais fortes, os mais espertos, os mais ricos, os de melhor família, os que pensam mais profundamente ou estudaram mais, os melhores, os mais santos, os generosos, os que têm ideias geniais para salvar os outros, os justos, os puros, os astutos, os ….. os que você quiser, mas não todos! É verdade que o poder seja coisa de todos, que todos intervenham, falem, votem, elejam, decidam, tenham ocasião de se enganar, tentem enganar ou permitam que os enganem, protestem, se metam …. isto não é coisa natural, mas um invento artificial, uma aposta desconcertante contra a natureza e os deuses. Isto é uma obra de arte. Os gregos foram grandes artistas, a democracia foi a obra-prima de sua arte, a mais arriscada e inverossímil, a mais discutida: a invenção de que cada um tem direito na comunidade, de que ninguém tem o dever de acertar ou errar por si mesmo, de ser responsável – ainda que minimamente – pelos sucesso e desastres que lhe concedam (….).

O invento democrático, esse círculo em cujo cento estava o poder, essa assembleia de vozes e discussões, teve como consequência que os cidadãos, os submetidos a isonomia, à mesma lei, se vissem uns aos outros. As sociedades democráticas são mais transparentes do que as outras (….) Nas sociedades de tipo piramidal, cada grupo social não conhecia o gênero de vida que os superiores levavam e não se atreviam a julgar suas virtudes e seus vícios, com os mesmos critérios aplicados aos de sua classe. Já entre os gregos, cada um estava à mercê dos demais: as habilidades e os méritos não eram tidos como ponto pacífico em ninguém, tnham de ser mostrados …. e demonstrados (….) As fraquezas e os vícios também eram coisas de domínio público.

(SVATER, Fernando. Política para meu filho. São Paulo: Martins Fontes, 1996. n Filosofando, Aranha e Martins, editora moderna ).


segunda-feira, 28 de outubro de 2019


ARGUMENTAÇÃO PSICOLÓGICA
Quando uma pessoa apresenta e defende ideias diante dos outros, ela está fazendo argumentação. (... ) Podemos definir como argumento, qualquer conjunto de afirmações que inclua, pelo menos, uma conclusão. Quem apresenta um argumento seja uma criança, um professor universitário, pedreiro ou filósofo, usa premissas, às vezes chamadas de evidências, para defender ou fundamentar sua conclusão. Pressupõem-se que o ouvinte  aceitará  a conclusão, se levar as evidência em consideração. (....)
As funções dos argumento são tão diversas, quanto os motivos que nos levam a nos comunicar com os outros. Argumentos bem apresentados podem ajudar-nos a receber vantagens materiais, passar em provas, fundamentar as conclusões de uma investigação, iludir um freguês, racionalizar nossos erros, ridicularizar um oponente. ( .....) Podemos chamar esse tipo de atividade pragmáticos, no sentido de que a comunicação é instrumental, ao invés de ser apenas uma de representar ou de desenvolver conhecimento.
A pragmática trata das funções e dos significados da linguagem no contexto social. (.....) Após pisar no pé de uma outra pessoa inadivertidamente, a frase “Uai, eu não sabia que você estava aí”, seria interpretada como uma negação de intencionalidade, por parte do autor, e uma tentativa de reduzir a tensão sentida pelas duas partes em função do incidente. A linguagem promove interesses e desempenha funções sociais (....) Com as entonações certa, a frase “Uai, eu não sabia que você estava aí” , pode ter diversos significados, até mesmo transmitindo ironia e sarcasmo.
Quando um argumento é especialmente elaborado para apelar ao ouvinte, a argumentação resultante é chamada psicológica. A argumentação psicológica tem duas características básicas: 1- comprometimento forte: onde o que importa é defender uma ou mais conclusões, mesmo que implique numa distorção dos fatos; 2 – a evidência escolhida especialmente para convencer o ouvinte da validade das conclusões é normalmente emocional ou psicológica.
(.....) A finalidade da argumentação psicológica é vencer, conquistar ou provocar o ouvinte, e a evidência constitui a arma de ataque. Se o ouvinte demonstrar que a evidência não tem valor, de seu ponto de vista, o falante procura logo outras  evidências. Quem apresenta um argumento psicológico geralmente não está interessado em induzir contemplação e reflexão racional no ouvinte, muito pelo contrário, a finalidade é influenciar o outro, surpreendê-lo, ataca-lo inesperadamente, comunicar urgência, trabalhar os sentimentos do outro para dominar a questão, e, assim, salientar certos aspectos e menosprezar outros de modo que as defesas do ouvinte não possam entrar em ação.
Para o falante, as conclusões não são o resultado de uma avaliação das evidências, por mais que se insista que o sejam, mas, sim, o próprio ponto de partida do argumento. Observações que possivelmente iriam colocar uma conclusão em perigo são ignoradas ou ativamente menosprezada de diversas maneiras.
 (.....) O fato de uma pessoa usar um argumento psicológico não implica em que ela esteja necessariamente defendendo um ponto de vista errado, ou que não considere fatos relevantes. O problema é que o argumento é de tal forma, que o ouvinte – ou, pelo menos, o ouvinte ingênuo – concorda com as conclusões em função do poder persuasivo do argumento, e não por razões mais diretamente relacionadas com sua validade. (.....) A natureza humana é tal que as pessoas aceitam ideias e planos de ação por razões emocionais e pessoais, por questões de valores, conveniência ou preferência, muito mais do que por razões puramente racionais.
Finalmente, sugerimos que uma característica essencial do cientista ( do homem inteligente, grifo meu), bem preparado é seu sentido crítico. Além de adquirir conhecimento na sua área de especialização, a pessoa com senso crítico levanta dúvidas sobre aquilo em que se comumente acredita, explora rigorosamente alternativas através da reflexão e avaliação das evidências, com a curiosidade de quem nunca se contenta com o seu estado atual de conhecimento. Assim, ela tende a ser produtora ao invés de apenas consumidora do conhecimento, não podendo aceitar passivamente as ideias dos outros.
(CARARRER, David Wilian. Senso Crítico: do dia-a-dia às ciências humanas. São Paulo: Pioneira, 1993 ).