MENINOS PERVERSOS
CHEFES ASSEDIADORES
Existe uma deformação
no caráter na qual pessoas usam de crueldade para anular os outros. Esse traço
da personalidade acentua-se quando se encontra ambiente propício para seu
desenvolvimento, como lares permissivos, escola ou ambiente de trabalho sem coerção.
Tais indivíduos crescem se habituando a humilhar e a diminuir os outros. Á
essas pessoas, a perversidade provocada no outro, proporciona, até mesmo,
satisfação e bem estar.
J.L. contava com
alegria como conseguia que os coleguinhas do primário lhes dessem seus lanches
no horário de recreação. Intimidava-os demonstrando os golpes que aprendera na
academia, paga desde cedo pelo seus pais. Geralmente expunha o corpanzil e
falava em tom ameaçador no meio de todos, tudo minuciosamente observando a
atitude dos outros, facilmente amedrontáveis. Depois disso, procurava suas
vítimas, as crianças mais tímidas e as mais franzinas. Ele as ameaçava com
palavras, se não reagiam, via se transformar em uma presa fácil. O pai o
encorajava dizendo: - Não são fracotes? Então é porque os pais são sem
iniciativa e merecem ser exploradas, mesmo! J.L. contava tudo isso de modo
espontâneo, no meio dos colegas. Mesmo, agora adulto, ele logo procura se impor
com voz agressiva e gestos largos.
Acontece que, hoje,
J.L. é dono de uma pequena empresa, seus funcionários costumam dizer se tratar
de um chefe muito grosseiro, de uma liderança ostensiva, em que todo mundo
abaixo dele têm que cumprir metas extenuantes. Aqueles que não conseguem,
aparecem com seus nomes numa lista, apregoada em um quadro de avisos. Volta e
meia, dizem seus colaboradores, ainda passam constrangimentos de frases
subentendidas e indiretas: - É, tá indo mal das pernas, olha que temos que
conversar! O indivíduo ficava pressionado, ou produzia mais ou cometia uma série
de erros, que junto ao baixo desempenho o levava à demissão.
As mulheres da
empresa vivem em estado de alerta, pois volta e meia existem convites feitos
não de forma direta, mas de cunho imoral. MJ, uma mulher muito bonita, chegou
mesmo a pedir demissão da empresa, a perseguição foi tamanha e como a mesma não
cedia, ficou inviável continuar na empresa. Algumas colegas costumavam
incitá-la a ceder às investidas de JL, dizendo: - Vai boba! Você vai receber um
tratamento diferenciado na empresa. Porém, mesmo aquelas que já tinham saído
com o chefe, eram maltratadas e cobradas de forma extenuante. Apesar de MJ
ameaçar diversas vezes dar parte na polícia, processá-lo, JL não se intimidava.
Comportamentos
perversos, como este, são encontrados em escolas, lares ou no ambiente de
trabalho. O problema está em que, geralmente, tais pessoas contam com a
discrição de quem assiste e não toma partido, por medo de se tornar a próxima
vítima, ou pela satisfação de ver o sofrimento dos outros. Na escola o
coleguinha assiste a cena de bullying, chega em casa conta para os pais, que
logo dizem: - “ Não se mete, eles que são branco que se entendam!” No
trabalho assistimos o colega ser pressionado constantemente, e nos conformamos,
afinal ele está sofrendo é porque fez por merecer! O certo é que o assédio
moral, o assédio sexual e o bullying contam com a conivência dos espectadores e
da vítima e que no fim,, acabam por destruir o assediado, muitos mesmo chegam a
cometer suicídio.
É um tipo de
comportamento gratuito. Nasce do comportamento perverso, não adianta procurar
explicação, porque há um enredamento entre o caçador e sua vítima. A verdade é
que a fraqueza da vítima é também o combustível para novas insinuações e quando
perguntado, o assediador se esquiva dizendo: - Não tem nada pessoal! É
imaginação dele. Não ditos, dissimulações, gestos e comportamentos de desprezo,
são as armas do assediador, um arsenal pesado jogado sobre à vítima para
desestabilizá-la emocionalmente, fazê-la cometer erros, desequilibrar-se. Se
houver gritos ou a vítima reagir grosseiramente, procurará desmerecê-la diante
dos que assistem, numa clara virada de jogo. Com a auto-estima degradada a
pessoa cai em depressão ou mesmo se afasta do trabalho e algumas chegam a
morrer, sendo esse o sucesso da pessoa perversa.
Para quebrar tal
enrendamento é quanto a tudo ir juntando provas, adquirir confiança e a
amizades dos outros. Deve se saber com quem se pode contar nessa hora, sempre
que possível relatar para pessoas ocupantes de cargos superiores na hierárquia
o que anda acontecendo. Se o assediador for o dono da empresa, deve-se reunir
provas para denúnciá-lo, gravando, registrando, etc., mesmo que sejam meras
desconfianças. As crianças devem relatar o problema para os pais, os pais devem
atinar para detalhes comportamentais das crianças, como falta de expectativa,
tristeza, etc., manter a calma é super necessário, afinal: “- apelou perdeu!”,
adiquirindo confiança pode-se aos poucos melhorar o psicológico. Conversar com
os mais próximos, parentes, amigos, desabafar e não guardar para si, é uma das
saídas para se evitar a depressão.
Desvios de
comportamento vão sempre existir, pois não se pode mudar as pessoas, senão a
nós mesmos, assim procurar ficar atento em casa, no ambiente de trabalho ou na
escola, só assim, se pode escapar do índivíduo perverso ou assediador.
( Texto do professor: Ivalcy Thoma, subsídios para uma vida com
confiança, material apostilado, 2001).