sexta-feira, 6 de setembro de 2013

REASSUMINDO A SENSATEZ
Prof. Thomaz (mestre em educação).
De acordo com a psicologia,  o caráter é a propensão de ânimo que cada um traz consigo desde o nascimento. Embora seja inato do ser humano,  o caráter também pode ser modelado pelo ambiente cultural em que se vive, por isso a participação de pais, professores e todos os educadores que perpassam  da igreja ao meio familiar.
Um dos maiores sábios que a humanidade viu surgir foi Aristóteles, para ele o caráter do homem corresponde ao estilo de vida que alguém escolhe levar. O homem feliz é o que age racionalmente, cultua bons hábitos de modo disciplinado e o infeliz é o ignorante, submetido aos impulsos da vontade. Nesse sentido, ele descreve que o homem deve procurar sempre pautar a sua conduta com vista ao equilíbrio.
Para Aristóteles, a virtude é o que está no meio entre o vício por excesso e o vício por falta. Só para exemplificar, em um quadro de virtudes, a coragem é a virtude que tem por vício em excesso, o destemido e o vício por falta,  o covarde; quanto ao trato com dinheiro,  a virtude é a liberalidade  e o vício por excesso  a  prodigalidade e no extremo oposto a avareza.  Aristóteles ainda diz, ao homem feliz não pode faltar a magnanimidade, no que pese a postura  “São mais adequados a uma pessoa magnânima um andar lento, uma voz grave e uma dicção cuidada, pois não se deve esperar que as pessoas que se preocupam com poucas  coisas sejam apressadas, nem que as que não consideram coisa algum realmente grande sejam agitadas; uma voz estridente e um andar precipitado denotam pressa e agitação”. ( 81) .
De outro lado estão as críticas de Nietzsche, até que ponto, sobre a roupagem de tantos penduricalhos,  descritos como valores,  sobre o modo como devem agir os homens, esses continuam realmente a serem homens. Com a crítica sobre a moral tradicional esse filósofo faz lembrar do que é ser realmente humano, sem as armadilhas culturais que terminam por aprisionar o humano dentro de nós. O homem tem desejos e energias o quais são negadas, aprisionadas num falso moralismo. Por isso, Nietzsche crítica a tradição filosófica e religiosa que subverteram o homem, o qual para negar  tais energias, se tornam  frustrados, rancorosos, puritanos demais para aceitar as inovações que a evolução vai fazendo surgir.
Por falar em energia, Freud antes de Nietzsche já chamava atenção para os problemas que podem ser causados a psiquê ( a mente)  do homem,  quando não sabe lidar corretamente com as energias puramente humanas:  os cacoetes, os atos falhos, tiques nervosos e "trocentos" outros número de  traumas jogados para o inconsciente, os quais em um dado momento voltam para reafirmar a necessidade  de solução.
Então, alguém pode se perguntar, devemos tudo permitir para evitar os problemas psicológicos ou criticar a todas atitudes que não se apresentam em sintonia com o tradicional estabelecido?
Na verdade, já se nega o tradicional estabelecido quando supomos um permitido sutil,  quando dizemos: _  meu filho não devemos pegar nada dos outros e devemos sempre falar a verdade! Porém, imediatamente ao tocar o telefone e sendo nosso filho a atender, dizemos quase cochichando e com tom afirmativo: _  diga que eu não estou em casa! Afinal é para criança dizer a verdade  ou não é?
Do outro lado,  a permissividade é um mal que tem de ser tolhido. Kant já dizia que para se observar se um comportamento é desejável,  é só imaginá-lo sendo praticado em sentido universal, praticado por todas as pessoas em toda circunstância e lugar. Assim, mentir não é bom, pois se o fosse,  ninguém poderia mais confiar em ninguém ou em nada, tornando inviável a convivência conjunta. Da mesma maneira matar, roubar, ser desonesto, enfim tudo o que se considera vício ou erro.
Talvez tenhamos que observar uma dos critérios de Descartes em seu Discurso do Método, todo o homem é dotado de bom senso. Devemos buscar o equilíbrio, não o equilíbrio aristotélico, mas um equilíbrio do bom-senso.  Em dada situação devemos não ter pressa em julgar os outros, não sair por aí condenando a todos indiscriminadamente, a menina que abortou, por não ter visto nenhuma outra saída para o seu desespero. O garoto que pegou um lanche de bobeira porque já estava morrendo de fome, etc. Isso, também,  não quer dizer que devamos ser condescendentes, apenas não sair por aí julgando a tudo imediatamente e indiscriminadamente.
Os valores que a humanidade estabeleceu e que estão escritos nos livros de ética, são modelos a serem atingidos, deve-se aproximar ao máximo do ideal, mas cada circunstância requer ajustes. Nietzsche tem certa razão, sim, o homem não pode negar todos os seus impulsos, do contrário não sobrevive neste mundo. O homem não pode todo tempo procurar sem "bonzinho", senão corre o risco de ser o "bobinho". Por outro lado, os valores da tradição ocidental, que Sócrates, Platão, Aristóteles, os filósofos Crsitão, Kant e outros escreveram não são apenas coisas de pessoas "caretas" e recalcadas.


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