REASSUMINDO
A SENSATEZ
Prof.
Thomaz (mestre em educação).
De
acordo com a psicologia, o caráter é a
propensão de ânimo que cada um traz consigo desde o nascimento. Embora seja
inato do ser humano, o caráter também
pode ser modelado pelo ambiente cultural em que se vive, por isso a
participação de pais, professores e todos os educadores que perpassam da igreja ao meio familiar.
Um
dos maiores sábios que a humanidade viu surgir foi Aristóteles, para ele o
caráter do homem corresponde ao estilo de vida que alguém escolhe levar. O
homem feliz é o que age racionalmente, cultua bons hábitos de modo disciplinado
e o infeliz é o ignorante, submetido aos impulsos da vontade. Nesse sentido,
ele descreve que o homem deve procurar sempre pautar a sua conduta com vista ao
equilíbrio.
Para
Aristóteles, a virtude é o que está no meio entre o vício por excesso e o vício
por falta. Só para exemplificar, em um quadro de virtudes, a coragem é a
virtude que tem por vício em excesso, o destemido e o vício por falta, o covarde; quanto ao trato com dinheiro, a virtude é a liberalidade e o vício por excesso a
prodigalidade e no extremo oposto a avareza. Aristóteles ainda diz, ao homem feliz não
pode faltar a magnanimidade, no que pese a postura “São mais adequados a uma pessoa magnânima um andar lento, uma voz
grave e uma dicção cuidada, pois não se deve esperar que as pessoas que se
preocupam com poucas coisas sejam
apressadas, nem que as que não consideram coisa algum realmente grande sejam
agitadas; uma voz estridente e um andar precipitado denotam pressa e agitação”. ( 81) .
De
outro lado estão as críticas de Nietzsche, até que ponto, sobre a roupagem de
tantos penduricalhos, descritos como
valores, sobre o modo como devem agir os
homens, esses continuam realmente a serem homens. Com a crítica sobre a moral
tradicional esse filósofo faz lembrar do que é ser realmente humano, sem as
armadilhas culturais que terminam por aprisionar o humano dentro de nós. O homem
tem desejos e energias o quais são negadas, aprisionadas num falso moralismo.
Por isso, Nietzsche crítica a tradição filosófica e religiosa que subverteram o
homem, o qual para negar tais energias,
se tornam frustrados, rancorosos,
puritanos demais para aceitar as inovações que a evolução vai fazendo surgir.
Por
falar em energia, Freud antes de Nietzsche já chamava atenção para os problemas
que podem ser causados a psiquê ( a mente)
do homem, quando não sabe lidar
corretamente com as energias puramente humanas:
os cacoetes, os atos falhos, tiques nervosos e "trocentos"
outros número de traumas jogados para o
inconsciente, os quais em um dado momento voltam para reafirmar a
necessidade de solução.
Então,
alguém pode se perguntar, devemos tudo permitir para evitar os problemas
psicológicos ou criticar a todas atitudes que não se apresentam em sintonia com
o tradicional estabelecido?
Na
verdade, já se nega o tradicional estabelecido quando supomos um permitido
sutil, quando dizemos: _ meu filho não devemos pegar nada dos outros e
devemos sempre falar a verdade! Porém, imediatamente ao tocar o telefone e
sendo nosso filho a atender, dizemos quase cochichando e com tom afirmativo:
_ diga que eu não estou em casa! Afinal
é para criança dizer a verdade ou não é?
Do
outro lado, a permissividade é um mal
que tem de ser tolhido. Kant já dizia que para se observar se um comportamento
é desejável, é só imaginá-lo sendo
praticado em sentido universal, praticado por todas as pessoas em toda
circunstância e lugar. Assim, mentir não é bom, pois se o fosse, ninguém poderia mais confiar em ninguém ou em
nada, tornando inviável a convivência conjunta. Da mesma maneira matar, roubar,
ser desonesto, enfim tudo o que se considera vício ou erro.
Talvez
tenhamos que observar uma dos critérios de Descartes em seu Discurso do Método,
todo o homem é dotado de bom senso. Devemos buscar o equilíbrio, não o
equilíbrio aristotélico, mas um equilíbrio do bom-senso. Em dada situação devemos não ter pressa em
julgar os outros, não sair por aí condenando a todos indiscriminadamente, a
menina que abortou, por não ter visto nenhuma outra saída para o seu desespero.
O garoto que pegou um lanche de bobeira porque já estava morrendo de fome, etc.
Isso, também, não quer dizer que devamos
ser condescendentes, apenas não sair por aí julgando a tudo imediatamente e
indiscriminadamente.
Os
valores que a humanidade estabeleceu e que estão escritos nos livros de ética,
são modelos a serem atingidos, deve-se aproximar ao máximo do ideal, mas cada
circunstância requer ajustes. Nietzsche tem certa razão, sim, o homem não pode
negar todos os seus impulsos, do contrário não sobrevive neste mundo. O homem
não pode todo tempo procurar sem "bonzinho", senão corre o risco de
ser o "bobinho". Por outro lado, os valores da tradição ocidental,
que Sócrates, Platão, Aristóteles, os filósofos Crsitão, Kant e outros
escreveram não são apenas coisas de pessoas "caretas" e recalcadas.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial