sábado, 8 de março de 2014

O VOTO DE MINERVA

Foi um crime horrível,  Orestes matou Egisto, o amante de sua mãe, com um só golpe de espada. Em seguida, desembanhou um punhal e o enfiou com toda força entre os seios de Climestra sua genitora. Mas, o que teria levado Orestes a cometer um duplo assassinato e, pior ainda, um matricídio?
Tudo começou quando Leda, fecundada por Zeus disfarçado de cisne, pôs dois ovos. Deles nasceram duas filhas, Clitemnestra e Helena,esta última vindo a tornar-se a famosa Helena de Tróia.
Clitemnestra casou-se com Agamenon, rei de Micenas e irmão de Menelau,o marido traído e abandonado por Helena. Enquanto Agamenon lutava na Guerra de Tróia, Clitemnestra o traía insaciavelmente com Egisto. Finda a Guerra de Tróia, que durou dez anos, Agamenon voltou como herói de Micenas. Clitemnestra organizou um baquete regado a muito vinho com o pretexto de comemorar o regresso do marido ao lar. Quando Agamenon ficou exageradamente embriagado, clitemnestra o matou no banheiro do palácio desferido-lhe um certeiro golpe de machado.
A sessão de julgamento realizou-se à noite, para que os jurados não fossem  influenciados por eventuais lágrimas derramadas pelo réu. No tribunal, Megera, a mais raivosa dentre as três Erínias, ou, Furias, xingava Orestes por ter  matado a própria mãe, ou seja, por haver cometido o pior dos crimes hediondos.  A polo, no papel de advogado de defesa, argumentou que crime pior cometera Clitemnestra, porque ela  não  assassinara apenas seu esposo, mas sim o próprio rei.
Os jurados votaram. Contados os votos, houve empate. Minerva, também chamada Palas
Atena ou simplesmente Atena,  pediu que os presentes acatassem a decisão soberana dos jurados, haja vista que o Areópago era o tribunal sagrado de todo o povo Egeu. Coube, então, a Minerva dar o voto decisivo, de desempate, que chamamos VOTO DE MINERVA. Esta, como deusa da sabedoria, pronunciou em grego e empostação de voz a correspondente frase latina in dubio pro reu, votando em seguida, oralmente, pela absolvição do acusado.
Orestes saiu do tribunal como um homem livre. Assumiu então o reino de Micenas, ao qual logo anexou  Esparta. Casou-se com Hermiona, sua prima legitima, filha de Menelau e Helena de Tróia. Morreu aos 90 anos, ainda lúcido,  picado por uma cobra venenosa.







A CAIXA DE PANDORA

Epimeteu era irmão de  Prometeu, o titã que modelou o primeiro homem do barro. No entanto, este, por desavença com Júpiter, acabara por incorrer na sua ira. Temendo que Júpiter viesse a querer se vingar dele ou do gênero humano, Prometeu decidiu alertar o seu desavisado irmão: Epimeteu, tome cuidado com os presentes que receber de Júpiter – disse Prometeu, chamando-o para um canto. - Já algum tempo que ele anda furioso comigo, porque ousei roubar o fogo dos céus para levá-los aos homens.
Enquanto isso, no Olimpo, Júpiter já havia ordenado a Vulcano que criasse uma nova criatura, uma parelha para o homem.
(....) Nunca nada de mais perfeito saiu de suas talentosas mãos,  excelente Vulcano! -  Disse Minerva, entusiasmada. Diante dos dois estava uma linda mulher, quase tão bela quanto a mais bela das deusas. Seus olhos eram azuis como o mais límpido céu e de sua boca vermelha e úmida partia um hálito fresco e perfumado. Sua pele era macia como o mais macio dos veludos e recobrindo-a por inteiro havia ainda uma delicada penugem, que lembrava em tudo a maciez da casca do pêssego. Seus membros, por sua vez eram delicadamente proporcionados, tendo sido exilada deles à força, em proveito da graça. Á frente do peito da encantadora criatura, Minerva colocara dois pomos que tinham o prodígio de serem, ao toque, ao mesmo tempo macios e firmes, coroando-os ainda, num requinte de perfeição, com duas delicadas protuberâncias, que lembrava duas pequenas cerejas. Suas curvas eram perfeitas. De cada flanco do corpo desciam linhas curvas voltadas para dentro, expandindo-se somente à altura da cintura para dar lugar a um estonteante panorama, tendo ao centro um triângulo hermético, que guardava dentro de si todos os segredos  da vida e de sua procriação.
(....) Vulcano e Minerva, vocês excederam-se em tudo o que se refere à beleza! - disse Júpiter, aplaudindo com entusiasmo a obra .  - Batizamos ela de Pandora, meu Pai – disse Minerva. Antes porem de dispensar a criatura, chamou-a a um canto. - Venha cá, Pandora, tenho um presente para você. Quero que você leve isto aos mortais como sinal de meu apreço por eles – disse Júpiter, entregando-lhe uma caixa dourada, ricamente trabalhada com arbesco e filigramas de prata. Pandora   arregalou os olhos ao ver diante de si aquele presente tão magnífico. Sem poder conter-se, quis logo abrir a maravilhosa caixa, mas foi impedida pelo autor do presente.
-         Não minha filha, não faça isto!É para ser mantida sempre assim, hermeticamente fechada.
Por várias vezes a encantadora Pandora hesitou se abria ou não a fantástica caixa. Sonhou então que de dentro de caixa saíam, como por mágica, cavalos alados, daí originava-se uma canção de magnífica beleza, que a enterneceu até o âmago mais profundo da alma. Homens e mulheres abraçavam-se nus, em pleno ar, ao som desta canção embriagadora, misturando-se àquelas criaturas de tal modo, que pareciam ter asas como elas. Despertando com aquele sonho maravilhoso, Pandora estendeu a mão imediatamente para o seu presente. Não podendo mais conter o seu desejo, ergueu a tampa numa volúpia insana de curiosidade que lhe pôs na espinha um arrepio gelado.
Nem bem ergueu um pouquinho a tampa dourada. Pandora sentiu-a ser arrebatada das mãos, caindo ao chão, longe da cama. Assustada, ainda assim manteve o objeto preso entre as mãos. Pandora viu escapar de dentro da caixa algo a princípio sem forma. Parecia que todos os ventos do mundo se escapavam desordenadamente dali, na pressa da fuga. Imediatamente, um deles tomou a forma de uma caveira... depois surgiram vários rostos deformados, cobertos de pústulas, que se erguiam da caixa como se fossem o retrato horrendo da Doença. (...) Dentre as tantas criaturas que escaparam da caixa, Pandora teve o desgosto de ver personificado todos os vícios que viriam a acometer no futuro a alma humana.
Pandora, embora aterrorizada, não conseguia fechar a maldita caixa, (....) a Avareza, a Arrogância, a Crueldade, o Egoísmo, todos os vícios e defeitos humanos dançavam uma ciranda infernal sobre a sua cabeça, até que, arremessando-se à caixa, conseguiu finalmente fechá-la. Mas o mal já estava feito.  Percebendo que nada ficara lá dentro, olhou ainda uma vez para o fundo da caixa fatídica. Um rosto maravilhosamente belo e eternamente jovem, no entanto, a observava dali. - Quem é você? -  disse Pandora, ainda temerosa. - Eu sou a esperança- disse simplesmente o belo rosto. Foi carregando esse valioso presente que Pandora se apresentou diante dos homens.
(FRANCHINI E SEGANFREDO. As 100 melhores histórias da mitologia.9 ed . Porto Alegre, L& PM, 2007. ).

A SAGA DE ÉDIPO

Laio, rei da cidade de Tebas e casado com a bela Jocasta, foi advertido pelo oráculo de que não poderia gerar filhos. Se esse aviso fosse desobedecido, seria morto pelo próprio filho e muitas outras desgraças surgiriam.
A princípio, Laio não acreditou no oráculo e teve um filho com Jocasta. Quando a criança nasceu, porém, cheio de remorso e com medo da profecia, ordenou que recém-nascido fosse abandonado numa montanha, com os tornozelos furados, amarrados por uma corda. O edema provocado pela ferida é a origem do nome Édipo, que significa “pés inchados”. Mas o menino  Édipo não morreu. Alguns pastores o encontraram e o levaram ao rei de Corinto, Polibo, que o criou como se fosse seu filho legítimo. Já adulto, Édipo ficou sabendo que era filho adotivo. Surpreso, viajou em busca do oráculo de Delfos para conhecer o mistério do seu destino. O oráculo revelou que seu destino era matar o próprio pai e se casar com a própria mãe. Espantado com essa profecia, Édipo decidiu deixar Corinto e rumar em direção a Tebas. No decorrer da viagem encontrou-se com Laio. De forma arrogante o rei ordenou-lhe que deixasse o caminho livre para sua passagem. Édipo desobedeceu às ordens do desconhecido. Explodiu, então, uma luta entre ambos na qual Édipo matou Laio.
Sem saber que tinha matado o próprio pai, Édipo prosseguiu sua viagem para Tebas. No caminho deparou-se com a Esfinge, um monstro metade leão, metade mulher, que lançava enigmas ao viajantes e devorava quem não os decifrasse. A Esfinge atormentava os moradores de Tebas. O enigma proposto pela Esfinge era o seguinte: “Qual o animal que de manhã tem quatro pés, dois ao meio-dia e três à tarde?” Édipo respondeu: “É o homem.

Furiosa por ver o enigma resolvido, a Esfinge se matou. O povo tebano saúdou Édipo como seu novo rei. Deram-lhe como esposa Jocasta, a viúva de Laio. Ignorando tudo, Édipo casou-se com a própria mãe. Uma violenta peste abateu-se então sobre a cidade. Consultado, o oráculo respondeu que a peste não findaria até que o assassino de Laio fosse castigado. Ao longo das investigações para descobrir o criminoso, a verdade foi esclarecida. Inconformado com o destino, Édipo cegou-se e Jocasta enforcou-se. Édipo deixou Tebas, partindo para umm exílio na cidade de Colona.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial