O VOTO DE MINERVA
Foi um crime horrível,
Orestes matou Egisto, o amante de sua mãe, com um só golpe de espada. Em
seguida, desembanhou um punhal e o enfiou com toda força entre os seios de
Climestra sua genitora. Mas, o que teria levado Orestes a cometer um duplo
assassinato e, pior ainda, um matricídio?
Tudo começou quando Leda, fecundada por Zeus
disfarçado de cisne, pôs dois ovos. Deles nasceram duas filhas, Clitemnestra e
Helena,esta última vindo a tornar-se a famosa Helena de Tróia.
Clitemnestra casou-se com Agamenon, rei de Micenas e
irmão de Menelau,o marido traído e abandonado por Helena. Enquanto Agamenon
lutava na Guerra de Tróia, Clitemnestra o traía insaciavelmente com Egisto.
Finda a Guerra de Tróia, que durou dez anos, Agamenon voltou como herói de
Micenas. Clitemnestra organizou um baquete regado a muito vinho com o pretexto
de comemorar o regresso do marido ao lar. Quando Agamenon ficou exageradamente
embriagado, clitemnestra o matou no banheiro do palácio desferido-lhe um
certeiro golpe de machado.
A sessão de julgamento realizou-se à noite, para que
os jurados não fossem influenciados por
eventuais lágrimas derramadas pelo réu. No tribunal, Megera, a mais raivosa
dentre as três Erínias, ou, Furias, xingava Orestes por ter matado a própria mãe, ou seja, por haver
cometido o pior dos crimes hediondos. A
polo, no papel de advogado de defesa, argumentou que crime pior cometera
Clitemnestra, porque ela não assassinara apenas seu esposo, mas sim o
próprio rei.
Os jurados votaram. Contados os votos, houve empate.
Minerva, também chamada Palas
Atena ou simplesmente Atena, pediu que os presentes acatassem a decisão soberana dos jurados, haja vista que o Areópago era o tribunal sagrado de todo o povo Egeu. Coube, então, a Minerva dar o voto decisivo, de desempate, que chamamos VOTO DE MINERVA. Esta, como deusa da sabedoria, pronunciou em grego e empostação de voz a correspondente frase latina in dubio pro reu, votando em seguida, oralmente, pela absolvição do acusado.
Atena ou simplesmente Atena, pediu que os presentes acatassem a decisão soberana dos jurados, haja vista que o Areópago era o tribunal sagrado de todo o povo Egeu. Coube, então, a Minerva dar o voto decisivo, de desempate, que chamamos VOTO DE MINERVA. Esta, como deusa da sabedoria, pronunciou em grego e empostação de voz a correspondente frase latina in dubio pro reu, votando em seguida, oralmente, pela absolvição do acusado.
Orestes saiu do tribunal como um homem livre. Assumiu
então o reino de Micenas, ao qual logo anexou
Esparta. Casou-se com Hermiona, sua prima legitima, filha de Menelau e
Helena de Tróia. Morreu aos 90 anos, ainda lúcido, picado por uma cobra venenosa.
A CAIXA DE PANDORA
Epimeteu era irmão de Prometeu, o titã que modelou o primeiro homem
do barro. No entanto, este, por desavença com Júpiter, acabara por incorrer na
sua ira. Temendo que Júpiter viesse a querer se vingar dele ou do gênero
humano, Prometeu decidiu alertar o seu desavisado irmão: Epimeteu, tome cuidado
com os presentes que receber de Júpiter – disse Prometeu, chamando-o para um
canto. - Já algum tempo que ele anda furioso comigo, porque ousei roubar o fogo
dos céus para levá-los aos homens.
Enquanto isso, no Olimpo,
Júpiter já havia ordenado a Vulcano que criasse uma nova criatura, uma parelha
para o homem.
(....) Nunca nada de mais
perfeito saiu de suas talentosas mãos,
excelente Vulcano! - Disse
Minerva, entusiasmada. Diante dos dois estava uma linda mulher, quase tão bela
quanto a mais bela das deusas. Seus olhos eram azuis como o mais límpido céu e
de sua boca vermelha e úmida partia um hálito fresco e perfumado. Sua pele era
macia como o mais macio dos veludos e recobrindo-a por inteiro havia ainda uma
delicada penugem, que lembrava em tudo a maciez da casca do pêssego. Seus
membros, por sua vez eram delicadamente proporcionados, tendo sido exilada
deles à força, em proveito da graça. Á frente do peito da encantadora criatura,
Minerva colocara dois pomos que tinham o prodígio de serem, ao toque, ao mesmo
tempo macios e firmes, coroando-os ainda, num requinte de perfeição, com duas
delicadas protuberâncias, que lembrava duas pequenas cerejas. Suas curvas eram
perfeitas. De cada flanco do corpo desciam linhas curvas voltadas para dentro,
expandindo-se somente à altura da cintura para dar lugar a um estonteante
panorama, tendo ao centro um triângulo hermético, que guardava dentro de si
todos os segredos da vida e de sua
procriação.
(....) Vulcano e Minerva, vocês
excederam-se em tudo o que se refere à beleza! - disse Júpiter, aplaudindo com
entusiasmo a obra . - Batizamos ela de
Pandora, meu Pai – disse Minerva. Antes porem de dispensar a criatura, chamou-a
a um canto. - Venha cá, Pandora, tenho um presente para você. Quero que você
leve isto aos mortais como sinal de meu apreço por eles – disse Júpiter,
entregando-lhe uma caixa dourada, ricamente trabalhada com arbesco e filigramas
de prata. Pandora arregalou os olhos ao
ver diante de si aquele presente tão magnífico. Sem poder conter-se, quis logo
abrir a maravilhosa caixa, mas foi impedida pelo autor do presente.
-
Não minha filha,
não faça isto!É para ser mantida sempre assim, hermeticamente fechada.
Por várias
vezes a encantadora Pandora hesitou se abria ou não a fantástica caixa. Sonhou
então que de dentro de caixa saíam, como por mágica, cavalos alados, daí
originava-se uma canção de magnífica beleza, que a enterneceu até o âmago mais
profundo da alma. Homens e mulheres abraçavam-se nus, em pleno ar, ao som desta
canção embriagadora, misturando-se àquelas criaturas de tal modo, que pareciam
ter asas como elas. Despertando com aquele sonho maravilhoso, Pandora estendeu
a mão imediatamente para o seu presente. Não podendo mais conter o seu desejo,
ergueu a tampa numa volúpia insana de curiosidade que lhe pôs na espinha um
arrepio gelado.
Nem bem ergueu um pouquinho a tampa dourada.
Pandora sentiu-a ser arrebatada das mãos, caindo ao chão, longe da cama.
Assustada, ainda assim manteve o objeto preso entre as mãos. Pandora viu
escapar de dentro da caixa algo a princípio sem forma. Parecia que todos os
ventos do mundo se escapavam desordenadamente dali, na pressa da fuga.
Imediatamente, um deles tomou a forma de uma caveira... depois surgiram vários
rostos deformados, cobertos de pústulas, que se erguiam da caixa como se fossem
o retrato horrendo da Doença. (...) Dentre as tantas criaturas que escaparam da
caixa, Pandora teve o desgosto de ver personificado todos os vícios que viriam
a acometer no futuro a alma humana.
Pandora,
embora aterrorizada, não conseguia fechar a maldita caixa, (....) a Avareza, a
Arrogância, a Crueldade, o Egoísmo, todos os vícios e defeitos humanos dançavam
uma ciranda infernal sobre a sua cabeça, até que, arremessando-se à caixa,
conseguiu finalmente fechá-la. Mas o mal já estava feito. Percebendo que nada ficara lá dentro, olhou
ainda uma vez para o fundo da caixa fatídica. Um rosto maravilhosamente belo e
eternamente jovem, no entanto, a observava dali. - Quem é você? - disse Pandora, ainda temerosa. - Eu sou a
esperança- disse simplesmente o belo rosto. Foi carregando esse valioso
presente que Pandora se apresentou diante dos homens.
(FRANCHINI E SEGANFREDO. As 100 melhores histórias da mitologia.9 ed . Porto Alegre, L&
PM, 2007. ).
A SAGA DE ÉDIPO
Laio,
rei da cidade de Tebas e casado com a bela Jocasta, foi advertido pelo oráculo
de que não poderia gerar filhos. Se esse aviso fosse desobedecido, seria morto
pelo próprio filho e muitas outras desgraças surgiriam.
A
princípio, Laio não acreditou no oráculo e teve um filho com Jocasta. Quando a
criança nasceu, porém, cheio de remorso e com medo da profecia, ordenou que
recém-nascido fosse abandonado numa montanha, com os tornozelos furados,
amarrados por uma corda. O edema provocado pela ferida é a origem do nome
Édipo, que significa “pés inchados”. Mas o menino Édipo não morreu. Alguns pastores o
encontraram e o levaram ao rei de Corinto, Polibo, que o criou como se fosse
seu filho legítimo. Já adulto, Édipo ficou sabendo que era filho adotivo.
Surpreso, viajou em busca do oráculo de Delfos para conhecer o mistério do seu
destino. O oráculo revelou que seu destino era matar o próprio pai e se casar
com a própria mãe. Espantado com essa profecia, Édipo decidiu deixar Corinto e rumar
em direção a Tebas. No decorrer da viagem encontrou-se com Laio. De forma
arrogante o rei ordenou-lhe que deixasse o caminho livre para sua passagem.
Édipo desobedeceu às ordens do desconhecido. Explodiu, então, uma luta entre
ambos na qual Édipo matou Laio.
Sem
saber que tinha matado o próprio pai, Édipo prosseguiu sua viagem para Tebas.
No caminho deparou-se com a Esfinge, um monstro metade leão, metade mulher, que
lançava enigmas ao viajantes e devorava quem não os decifrasse. A Esfinge
atormentava os moradores de Tebas. O enigma proposto pela Esfinge era o
seguinte: “Qual o animal que de manhã tem quatro pés, dois ao meio-dia e três à
tarde?” Édipo respondeu: “É o homem.
Furiosa
por ver o enigma resolvido, a Esfinge se matou. O povo tebano saúdou Édipo como
seu novo rei. Deram-lhe como esposa Jocasta, a viúva de Laio. Ignorando tudo,
Édipo casou-se com a própria mãe. Uma violenta peste abateu-se então sobre a
cidade. Consultado, o oráculo respondeu que a peste não findaria até que o
assassino de Laio fosse castigado. Ao longo das investigações para descobrir o
criminoso, a verdade foi esclarecida. Inconformado com o destino, Édipo
cegou-se e Jocasta enforcou-se. Édipo deixou Tebas, partindo para umm exílio na
cidade de Colona.
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